domingo, 24 de abril de 2011

Senador tem habilitação apreendida em blitz no Rio

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi parado na madrugada de domingo, 17, por uma blitz da Operação Lei Seca no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, e teve a carteira de habilitação apreendida. O documento estava vencido, mas a habilitação também foi apreendida porque o senador se recusou a fazer o teste do bafômetro. Fonte:Congresso em Foco.

Como é difícil combater o alcoolismo ao volante. As pessoas não se flagram da irresponsabilidade que cometem. Quantos desastres, quantas pessoas vitimadas - mortas, aleijadas, paraplégicas etc. - por ação de quem não respeita as leis do país. E o pior, justamente aquele que faz a lei não dá o exemplo: anda com carteira vencida e se recusa a submeter-se ao teste do bafômetro. Que coisa desagradável, que falta de responsabilidade, que desconsideração com o cumprimento de regras jurídicas, que mau exemplo aos demais brasileiros, e isso que se trata de um senador da República. Este é o velho Brasil de comportamentos estranhos de muitos de seus nacionais.

Diz o surrado ditado: "quem não deve não teme". Inteligentíssimo adágio popular. Claro, o senador invocou a prerrogativa constitucional: ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo. O problema não é de se incriminar ao reconhecer um erro, mas não ter a coragem de assumir uma irresponsabilidade. E isso, senhor senador, poderá se refletir em ações de sua vida política. Como não? Se diante de uma autoridade policial o senhor se nega ao teste do bafômetro, o que deveria ser uma coisa natural de consentimento de pessoas de bom senso, imagine o que o senhor não é capaz de fazer na vida pública política? É o que se pergunta ...

Como querer que as coisas funcionem bem no Brasil, se o ilustre senador é o primeiro a contrariar as normas nacionais? Se o senador se negou a fazer o teste do bafômetro é porque tinha certeza da ingestão excessiva de bebida alcoólica. As punições no Brasil são muito leves ou não existem. Pois é a certeza da impunidade que leva brasileiros a desafiar as nossas leis e a continuar cometendo irregularidades.

"Político turista"

O presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-RS), inventou uma reunião em Madri para assistir ao jogo Barcelona e Real Madrid, levando em sua comitiva oficial o seu filho.
Que o deputado seja um pai generoso com o seu filho, tudo bem. Mas todo mundo, inclusive políticos - porque vida de político não é tão espinhosa senão desistiriam de reeleições – sempre encontra tempo para estar em casa com a família sem a necessidade de explicações esfarrapadas para justificar passeio ao exterior. Que vergonha!
O mal dos políticos, principalmente do PT, é confundir com astúcia o público com o privado. A farra do dinheiro público – com as benesses, mordomias, privilégios e com as sinecuras, desfrutadas pelos políticos – é tão imoral que a coisa pública se confunde como sendo patrimônio privado de espertalhões políticos, e por isso, sem escrúpulos, metem a mão no Erário até para irem assistir a jogos no exterior.
Se a imprensa não botasse a boca no trombone, o deputado Marco Maia não iria pagar nada de seu bolso, e só pagou a viagem depois de ser flagrado, essa é a mais pura verdade. Foi assim que aconteceu com o outro petista, tido como “muito certinho,” o ex-senador Tião Viana, que emprestou celular do Senado para a filha viajar ao exterior. Até onde os políticos pensam que podem nos enganar? A mentira tem perna curta e ela sempre tem deixado os políticos em maus lençóis, mas eles não se incomodam. Por quê? Porque políticos indecorosos, impostores e inconfiáveis não são cassados no Parlamento. Sabem que continuarão enganando o povo, confundindo o Erário como sendo de sua propriedade e debochando da sociedade sem nada lhes acontecer. Quando subtraem o Erário deveriam pensar que no outro lado está a escuridão dos miseráveis brasileiros, descamisados, que não tiveram a sorte de ser políticos para abiscoitarem salários de R$26.700,00 mensais e mais mordomias remuneratórias.
O deputado disse que já viajou o mundo inteiro. À sua custa ou à custa do Erário? Deveria explicar melhor, pois pelo que consta com que dinheiro um ex-trabalhador metalúrgico e siderúrgico pode se dar ao luxo de se considerar um viajante mundano?
Deputado, o senhor deveria espelhar-se no Parlamento sueco. Deveria assistir a vídeos que estão na Internet para ver como o político sueco respeita o dinheiro público. Lembre-se de que um pequeno deslize com o dinheiro público é crime igual a qualquer outro; só o que muda é a cominação da pena.
Os senhores políticos são produto do sistema viciado patrimonialista português do Brasil Colônia, cuja mácula está no DNA do político brasileiro. É uma vergonha a cúpula de nosso Congresso: no Senado, José Sarney, o rei do Maranhão, que o Brasil conhece; na Câmara, Marco Maia, o turista na Espanha com a sua corte de amigos à custa do Erário, e de sobremesa temos: o Conselho de Ética da Câmara, com 20% de parlamentares encrencados na Justiça, e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) presidida por João Paulo Cunha (PT-SP), um político que está sendo processado no STF. Este é o cenário melancólico da política e do político brasileiro.

domingo, 17 de abril de 2011

Brasil fantasioso

Lamentavelmente, os políticos interessados no trem-bala não têm a percepção das reais necessidades brasileiras, de atender às fontes produtoras de riquezas nacionais e aos problemas sociais, e só se preocupam com a vitrine da propaganda política governamental em cima de um projeto dispendioso.

A construção do trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro vai apenas atender à elite brasileira e não ao sistema de transporte de massa nacional, e servirá para mostrar ao exterior, durante a realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol de 2014, e das Olimpíadas, de 2016, no Rio de Janeiro, a imagem de um Brasil progressista não verdadeiro.

Aqui, o dinheiro sobra para investimentos faraônicos, mas falta para resolver os problemas de nossa casa Brasil, onde não se fortalece primeiro com infraestrutura básica de apoio a produção de riquezas, como muito bem expôs a senadora Kátia Abreu: "Com metade desse dinheiro, poderíamos ampliar e modernizar os portos de Porto Velho, Santarém, Belém e Itaqui, no Norte, e de Pecém, Suape e Salvador, no Nordeste. Sobraria ainda dinheiro para adequar as rodovias que alimentarão essas rotas, como a Cuiabá-Santarém, e concluir as hidrovias do Madeira e do Tocantins.”

Temos uma malha rodoviária federal, estadual e municipal em estado precário, com prejuízos sensíveis aos produtores, aos empresários de transportes em geral e aos cidadãos por este país afora que ficam privados de terem boas estradas para resolverem as suas vidas. Não se direciona recursos para educação e cultura como determina a Constituição. Não se tem um sistema digno de atendimento público de saúde. O governo peca por não saber selecionar as prioridades nacionais.
E a senadora Kátia Abreu acerta na mosca ao dizer: "Os governos não podem tudo. Principalmente, não podem tudo ao mesmo tempo. Por isso, são medidos na história pela qualidade das escolhas que fazem”. Um país que não faz o dever de casa não pode querer arrotar Primeiro Mundo. Com efeito, o país carece de projetos necessários, discutidos, definidos, de médio e de longo prazo, para serem cumpridos por todos os governos. Não adianta quantidade de projetos, precisamos de poucos, mas de qualidade (pauca sed, bona).

A Medida Provisória 511 é um desrespeito ao Art. 62 da Constituição Federal. Mas o PT e base de apoio se especializaram em defender irregularidades, talvez, escudados nas sabedorias do "grande jurista honoris causa" Lula da Silva, que peitou o TCU com obras irregulares do PAC.
O PT está deixando ao jovens brasileiros e estudantes de Direito um legado negativo de desobediência constitucional.

O Senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ao fazer um breve e infeliz comentário em plenário sobre as declarações de um ex-atleta que ficou deslumbrado com o trem-bala japonês, mostrou certo delírio de quem não está preocupado com os graves problemas sociais brasileiros. Diferente do Brasil, o Japão primeiro solidificou a sua infraestrutura básica para só depois edificar programas de transporte de alta velocidade. A cultura japonesa não é a do desperdício. Lá as etapas não são atropeladas.

Aqui no Brasil há necessidades muito mais urgentes. Trens de menores velocidades, mas de qualidades, servindo o país em todo o quadrante, sem desperdício de dinheiro público, poderiam atender à massa nacional, desafogando as estradas de rodagem. Muitos metrôs poderiam ser construídos, o transporte fluvial dinamizado etc., mas prefere-se apostar na falsa imagem progressista de um governo irresponsável e apoiado por outros políticos também irresponsáveis.
O senador Suplicy e a senadora Marta Suplicy estão fora da realidade nacional, pertencem à alta escala da elite brasileira e "pensam grande" não para o fortalecimento brasileiro, mas para atender a segmentos sociais elitizados. Gostaria que eles explicassem como um trabalhador de salário mínimo poderá ter condição financeira de utilizar um meio de transporte cotidiano de alta velocidade? Jamais!

Os políticos têm que parar com essa demagogia de enganar o povo com obras que dilapidam o Erário. Deveriam preocupar-se em resolver primeiro as nossas necessidades básicas e não contribuírem com um falso desenvolvimento que contrasta com a realidade brasileira. Ainda hoje, em várias regiões do Brasil, cidadãos vivem em completo estado precário de pobreza. Dia desses, uma emissora de televisão, num programa rural, mostrou no interior do Maranhão famílias completamente esquecidas pela classe abastada política, que deseja o trem-bala, "vivendo” em sub-habitações de palha e chão batido, onde uma mãe em prantos, envergonhada com o seu ambiente miserável, chorava porque o casebre era alugado, o acordo iria vencer e não tinha onde ficar com a sua família. Isso dói o coração de qualquer cidadão que tenha um pouco de sentimento e de caráter, e o pior, deixa-nos indignado ao pagar alta carga tributária, sem retorno de serviços públicos de qualidade, para bancar salário extravagante de políticos que não cuidam dos reais problemas sociais brasileiros.

Que políticos são esses, enganadores do povo, que só olham os lados de seus interesses ou de grupos que representam, e continuam dilapidando o Erário com projetos fantasmagóricos, que não atendem às necessidades prementes do povo brasileiro?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Projetos faraônicos não podem resolver as nossas necessidades

Excelente artigo da senadora Kátia Abreu, presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), publicado no jornal Folha de São Paulo, dia 2, sob o título “O governo não pode tudo”, faz abordagem positiva sobre o agronegócio brasileiro em contraposição à visão distorcida do governo, que prefere investir em projetos de propaganda política.

É pena que o grupo liderado pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), interessado no trem-bala, não tenha a percepção das reais necessidades brasileiras, que dizem respeito às fontes produtoras de riquezas nacionais, e só se preocupa com a vitrine da propaganda política governamental em cima de um projeto dispendioso, enquanto temos necessidades mais urgentes para serem atendidas.

A construção do trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro vai apenas atender à elite brasileira e não ao sistema de transporte de massa nacional, e servirá para mostrar ao exterior, durante a realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol de 2014, e das Olimpíadas, de 2016, no Rio de Janeiro, a imagem de um Brasil progressista não verdadeiro.

Aqui, o dinheiro sobra para investimentos faraônicos, mas falta para resolver as necessidades de nossa casa Brasil, onde não se fortalece primeiro com infraestrutura básica de apoio a produção de riquezas, como muito bem expôs a senadora Kátia Abreu: "Com metade desse dinheiro, poderíamos ampliar e modernizar os portos de Porto Velho, Santarém, Belém e Itaqui, no Norte, e de Pecém, Suape e Salvador, no Nordeste. Sobraria ainda dinheiro para adequar as rodovias que alimentarão essas rotas, como a Cuiabá-Santarém, e concluir as hidrovias do Madeira e do Tocantins.”

É uma vergonha o estado precário de nossa malha rodoviária federal, estadual e municipal, com prejuízos sensíveis aos produtores, aos empresários de transportes em geral e aos cidadãos por este país afora que ficam privados de terem boas estradas para resolverem as suas vidas. Não se direciona recursos para educação e cultura como determina a Constituição. Não se tem um sistema digno de atendimento público de saúde. O governo peca por não saber selecionar as prioridades nacionais.

E a senador Kátia Abreu acerta na mosca ao dizer: "Os governos não podem tudo. Principalmente, não podem tudo ao mesmo tempo. Por isso, são medidos na história pela qualidade das escolhas que fazem”. Um país que não faz o dever de casa não pode querer arrotar Primeiro Mundo. Com efeito, o país carece de projetos necessários, discutidos, definidos, de médio e de longo prazo, para serem cumpridos por todos os governos. Não adianta quantidade de projetos, precisamos de poucos, mas de qualidade (pauca sed, bona).

domingo, 10 de abril de 2011

Os governos não podem tudo

O SUCESSO do agronegócio brasileiro não foi o resultado da ação do setor público, mas da livre iniciativa, do espírito empreendedor de nossos agricultores, que se moveram para os ermos do Centro-Oeste, correndo riscos desproporcionais e hipotecando na empreitada o seu próprio destino.

Há 40 anos, essa região era ainda um quase vazio econômico, desprovida de infraestrutura, sem rodovias ou acesso a portos, sem falar na ausência de facilidades urbanas, que fez da vida desses modernos pioneiros e de suas famílias uma saga de grandes privações e padecimentos pessoais.

A história deu certo e a produção se elevou tanto que a escala econômica dos problemas atingiu um nível-limite. O governo não pode mais fingir que o Centro-Oeste não existe. Quando se inicia nova colheita recorde de grãos e de fibras, repete-se o velho drama dos caminhões se arrastando por estradas absurdas para, ao final, acabarem retidos em filas intermináveis nos acessos aos portos do Sul e do Sudeste, congestionados e precários, mas os únicos a que os produtores podem recorrer.

A geografia da produção mudou, mas as estruturas logísticas continuam a corresponder ao Brasil de ontem. Se tomarmos como divisor geográfico o paralelo 15 sul, verificamos que ao norte dessa linha estão localizados 52% da produção nacional de soja e milho. No entanto, apenas 16% do total da produção é escoado pelos portos da região, enquanto os demais 84% são forçados a recorrer aos portos do Sul e do Sudeste.

Além dos inconvenientes desses sistemas logísticos, os custos adicionais de transporte capturam parte da renda dos produtores, o que ajuda a explicar o paradoxo de uma agricultura competitiva nos seus processos de produção, ao lado de agricultores empobrecidos.

Estudo recente mostra que o transporte de uma tonelada de soja da fazenda ao porto custa, em média, US$ 20 a um agricultor argentino, US$ 18 a um norte-americano e US$ 78 a um brasileiro. Nossos agricultores são melhores, mas mais pobres que seus concorrentes, já que não podem repassar seus custos particulares para preços que são fixados nas Bolsas internacionais.

Um desenho logístico racional faria a inversão dessas rotas. A produção dos territórios acima do paralelo 15 sul pode e deve ser escoada pelos portos do Norte e do Nordeste, num sistema que chamamos Arco Norte, que consiste em rodovias, hidrovias, ferrovias e portos que demandam investimentos absolutamente compatíveis com os recursos do governo brasileiro. Muitas dessas estruturas já existem, precisando apenas de obras de ampliação e melhoramento. Outras podem ser concedidas à iniciativa privada.

Os governos não podem tudo. Principalmente, não podem tudo ao mesmo tempo. Por isso, são medidos na história pela qualidade das escolhas que fazem.

Neste momento em que, como bem expressou um editorial da Folha, a infraestrutura do país segue rumo ao colapso, o governo deve à sociedade uma explicação cabal e convincente sobre a razão de promover com dinheiro e facilidades públicas um trem de alta velocidade entre o Rio e São Paulo, ao custo de mais de R$ 33 bilhões. Será que a economia não tem outros problemas e outras prioridades?

Com metade desse dinheiro, poderíamos ampliar e modernizar os portos de Porto Velho, Santarém, Belém e Itaqui, no Norte, e de Pecém, Suape e Salvador, no Nordeste. Sobraria ainda dinheiro para adequar as rodovias que alimentarão essas rotas, como a Cuiabá-Santarém, e concluir as hidrovias do Madeira e do Tocantins.

Para tudo isso serão necessários cerca de R$ 14 bilhões, menos da metade do trem-bala e com um efeito extraordinário sobre a produção, a renda dos agricultores e a diversificação territorial da economia, sem falar no alívio que representará para as estruturas logísticas do Sul e do Sudeste.

Numa sociedade democrática, os governantes não podem ter caprichos. Os recursos do Estado pertencem à sociedade e a ela devem reverter.

Matéria publica no Jornal Folha de São Paulo
Autora: KÁTIA ABREU (DEM-TO), 49, senadora, e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve quinzenalmente, aos sábados, neste espaço.

sábado, 2 de abril de 2011

"Cabe ao povo decidir pelo sistema eleitoral"

Por que o Brasil - em nome da verdadeira democracia popular, cujo agente principal é o povo e não os representantes políticos - não consulta a sociedade para saber qual o sistema eleitoral que ela realmente deseja? Não pode ser considerada legítima a decisão vinda de cima para baixo, ou seja, o prevalecimento de posições de congressistas e de algumas entidades tradicionais representativas de segmentos brasileiros. A reforma política diz respeito à sociedade como um todo, e não pode somente representar as ideologias de grupos políticos, que se arvoram no direito de pretender estabelecer regras de sistema eleitoral que a sociedade deve seguir. Isso não está certo e representa um desrespeito à nossa democracia eleitoral. O povo tem que ser mais ouvido no seu direito de cidadania, pois é ele que elege o Congresso e, portanto, não pode ficar à margem das discussões.

Tem-se assistido a debates políticos, com a participação de parlamentares sobre a reforma do sistema eleitoral, em que fica evidenciada a intenção de grupos políticos de defender a proposta que melhor atenda a seus interesses de poderem continuar na vida parlamentar. Os parlamentares não estão preocupados com o posicionamento da sociedade, que não aceita mais o sistema eleitoral vigente, bem como a sua composição com qualquer outro sistema.

Se for feita uma consulta popular, porque este deveria ser o caminho correto, certamente a melhor proposta da sociedade seria a adoção do voto distrital puro. Por quê? Porque é o sistema eleitoral mais simples, objetivo e barato. Vejamos:

a) A eleição vai ser descentralizada. Cada estado será divido em distrito com um número fixo de eleitor. Os partidos apresentam os candidatos por distrito. E quem receber mais voto ficará com a vaga. Assim, os eleitores terão um leque mais reduzido de candidatos a escolher.

b) Com um representante por distrito fica mais fácil para o eleitor fiscalizar o parlamentar. Hoje, o parlamentar não é fiscalizado, aliás, pelo sistema atual, a maioria dos eleitores não sabe em que deputado federal votou.

c) No sistema distrital haverá o barateamento das campanhas, pois cada candidato só disputará voto em seu distrito, reduzindo os custos com viagens e gastos com material de propaganda.

c) Os deputados distritais não vão se transformar em vereadores de luxo, para só tratar de sua paróquia, porque o eleitor estará presente para cobrança. Hoje, pelo sistema atual, muitos parlamentares são mais estaduais do que federais, fisiologistas e estão no Parlamento por cabide de emprego ou para defender interesses particulares ou de grupos que representam.

d) O sistema não prejudicará minorias. No Brasil não existem minorias permanentemente alijadas, como os sunitas, em alguns países árabes, conforme afirma o cientista político Amaury de Souza. Na prática, os candidatos de um distrito terão de buscar o apoio de todos os grupos de eleitores, se quiserem vencer.

e) Não haverá dinastias locais eternizadas pelo poder econômico e político, como existe no sistema atual - José Sarney, Jáder Barbalho etc. – em que o dinheiro faz a diferença para aqueles que precisam se deslocar em grandes territórios para disputar votos. Ao concentrarem a campanha em um distrito, os candidatos menos poderosos terão mais facilidade de chegar ao eleitor no corpo a corpo.

f) Os partidos não ficarão mais enfraquecidos. Na realidade no Brasil não existe partido político, mas sim um cipoal de siglas partidárias, composto de políticos de siglas com várias tendências ideológicas internas. O PMDB e o PT, por exemplo, convivem com várias divergências ideológicas internas. No sistema vigente vota-se em candidatos e não em partidos. Quem votou em Tiririca, na realidade, não votou no partido, pois se Tiririca pertencesse a outro partido seria eleito da mesma forma. O voto distrital determinará melhor qualificação dos partidos, com gente séria, ilibada e competente, e os partidos nanicos não poderão mais se apoiar em coligações e muitos desaparecerão.

g) Não é verdadeiro o pressuposto de que o voto distrital não vai eleger grandes cabeças pensantes. E no sistema atual porventura são eleitas grandes cabeças pensantes? Nesta legislatura, 36 dos 513 deputados federais elegeram-se com votos próprios, o restante entrou graças ao facilitador coeficiente eleitoral. Desses 36, quantos são grandes pensadores? E o que dizer dos 477 caronistas?

h) Aqui está o maior mérito do voto distrital: a aproximação do eleito com o eleitor. Como cada político representa uma região delimitada, os eleitores do lugar poderão acompanhar mais atentamente o trabalho dos parlamentares em Brasília. Hoje, temos um sistema que distancia o eleito do eleitor, e a maioria não sabe em que parlamentar votou.

Qualquer cidadão de mediana cultura sabe que nenhum partido político brasileiro traz em seu bojo consistência de um projeto alternativo ao país. Nem o PT do Lula, que na realidade copiou o modelo de política econômica de FHC, com algumas alterações. Portanto, o voto distrital puro é o caminho mais eficaz para se ter um Parlamento efetivamente representativo e fiscalizado. É o voto da transparência em que se conhece o candidato e não o voto cego de lista fechada. Nada de sistema misto ou de lista fechada, para beneficiar alguns políticos.

Os carrascos do deputado Bolsonaro

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e vinte deputados federais querem a punição do deputado Jair Bolsonaro por comentários considerados racistas e homofóbicos.

A coragem de um parlamentar para se manifestar sobre racismo ou homofobia não pode ferir, como alguns querem, o decoro parlamentar. A liberdade de expressão é constitucional. Os tribunais estão aí para examinar as pendengas dos ofendidos. Por desrespeito a decoro parlamentar o Congresso Nacional está cheio de políticos e ninguém é punido. Agora, vinte parlamentares pretenderem fazer coro para punir o deputado Bolsonaro por suas fortes declarações, fora do Congresso, é uma demonstração de comportamentos ultramoralistas. Tem muito político que não deveria estar no Congresso por falta de comportamento ético e moral e, no entanto, continuam dando as cartas, aprovando leis, abiscoitando R$26.700,00 mensais e não são punidos pelos “corajosos” parlamentares que agora querem castigar o deputado Bolsonaro.

O deputado Bolsonaro, fora das paredes do Congresso, é um homem comum, e tem o direito de expor o seu ponto de vista e responder como quiser aos mais intrigados questionamentos. O ex-presidente Lula não dizia o que queria e nem por isso teve o seu mandato cassado. Vamos devagar com o andor ... Vamos parar com essa mania mórbida de perseguição racial ou homofóbica. Agora tudo se resume em preconceito? O conceito tortuoso está na mente doentia de quem tanto ver fantasma em dia claro. Temos que para com isso. Dos vinte deputados inquisidores, quem já saiu em defesa de algum cidadão “branco” ou heterossexual que porventura tenha sido desrespeitado aqui fora? Quem?

Há coisas mais importantes para um deputado preocupar-se durante o mandato. O montante de imposto que se paga exige maior identificação desses vinte deputados com os problemas brasileiros ainda não solucionados do que se envolverem com uma declaração pessoal do deputado Bolsonaro.

Trem-bala, e as estradas brasileiras?

Está em apreciação no Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) 511, que autoriza a União a oferecer garantia para um empréstimo de até R$20 bilhões do BNDES ao consórcio construtor do Trem de Alta Velocidade (TAV), conhecido como trem-bala, que vai cobrir o percurso entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

O Brasil é um país paradoxal, de medidas de vitrine política, cujos governos maquiam o invólucro de nossa casa Brasil, dando a aparência de alinhamento com o desenvolvimento das nações de Primeiro Mundo, mas que na verdade aqui temos uma casa esburacada, com estradas vergonhosas por onde trafega a produção nacional, que a cada dia piora a situação dos empresários ou proprietários de caminhões de transportes de cargas por todas as estradas brasileiras. Esta é uma pura realidade, mas que desinteressa para não borrar a pretensiosa propaganda do governo diante dos preparativos para a realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol de 2014, e dos Jogos Olímpicos, de 2016, no Rio de Janeiro.

País que não se olha no espelho para tirar a máscara da face enganosa de incautos brasileiros, e que não tem escrúpulo de vender uma imagem progressista irreal ao estrangeiro, é um país cuja falsidade político-administrativa é bem característica de nossa cultura política tradicional brasileira.

Adia-se investimento maciço na recuperação definitiva de nossa malha rodoviária, federal, estadual e municipal, em todo o quadrante nacional, cujo quadro caótico não sensibiliza governos e nem políticos oportunistas, engravatados, de terninhos bem talhados, com os bolsos bem remunerados, e que só sabem com boa prosa fazer as cortes do governo para enganar ingênuos cidadãos. Mas para pretender deixar gravado o nome do governo em obras faraônicas enquanto outras obras extremamente urgentes e necessárias não são realizadas, aí a fonte de recursos aparece, o sol brilha em dias de chuva e a noite não é tão escura. Vamos deixar dessa demagogia, dessa hipocrisia, e primeiro arrumar a nossa casa e provê-la de obras mais urgentes e necessárias.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú & Cia

Está no jornal O Estado de São Paulo, “Camboriú terá o maior prédio da América do Sul”, um edifício com 63 andares, a ser construído na Barra Sul, próximo ao teleférico.
A insensatez do prefeito Piriquito & Cia é o reflexo da irresponsabilidade com o meio ambiente. Piriquito parece que tem resquício de gente provinciana, que sempre sonhou em morar em cidades de grandes arranha-céus. Ele, com a sua corte de orientadores, não está administrando Balneário Camboriú visando preservar a sua qualidade de vida saudável em harmonia com natureza. A sua gestão, como as anteriores, peca por desfigurar a cidade apenas para atender ao apelo empresarial dos construtores, que não se importam com as consequências nefastas da superlotação da cidade com as construções de espigões para atender à clientela bem remunerada. Balneário Camboriú está marchando com passos largos para um colapso geral por não ter condição de atender em infraestrutura básica ao volume de gente que aqui acolhe. Mas os Piriquitos da vida, megalomaníacos por natureza, metidos a desbravadores, só enxergam a cultura do concreto armado, para terem a sensação de que estão morando no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Os problemas sociais, de gente perambulando pela cidade, traficando, dormindo pelas ruas, assaltando, pichando paredes de prédios, flanelinhas extorquindo proprietários de carros, carroceiros e tudo o que há de nocivo nas grandes cidades, aqui já começaram a aparecer. Por quê? Porque os nossos administradores públicos não se preocupam em ter uma cidade com população proporcional à capacidade municipal de poder dar um bom atendimento.
E se não bastasse, a insanidade municipal quer porque quer alargar a Praia Central. Não é a cidade que tem de se ajustar ao volume cíclico de população transitória, é o poder municipal que tem o dever e a responsabilidade de saber qual é o limite de sua capacidade.
A faixa de areia da Praia Central passa a maior parte do ano vazia. É um absurdo o que estão pretendendo fazer. Hoje, temos uma praia tranquila, calma, sem ondas violentas e que permite acesso de qualquer criança. Se alargarem a faixa de areia, ninguém garantirá como ficará o banho de mar para crianças e idosos. A Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é o exemplo mais negativo de balneabilidade. Por que não fazem uma dragagem do fundo do mar da Praia Central para limpar a quantidade de detritos que o mar despeja, quase que diariamente, nas areias? Não há garantia nenhuma o fato de a empresa americana Coastal Planning & Engineering já ter realizado mais de cem alargamentos, nos Estados Unidos, pois as características de nossa praia são diferentes. Independente do alargamento, a prefeitura poderia realizar o que está no projeto urbanístico da Avenida Atlântica, ou seja, alteração na calçada, remanejamento dos quiosques, inversão da via etc. Também não deve ser esquecida a instalação chuveiros públicos ao longo da avenida.
Assim, para manter a sua característica natural, não se deveria fazer o alargamento da Praia Central porque foi dessa forma, até hoje, que Balneário Camboriú passou a ser conhecido e amado por todos.