sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A rodilha da velha

Há pessoas que não olham o seu tempo e pensam que a moda não tem idade. Ou que podem se comportar de qualquer forma. Tudo é proporcional se você não quiser passar vexame.Lorico, grande amigo, não sabe mais o que fazer. Sua mulher, a Belezoca sessentona, parece que pirou de vez. Outro dia, ela apareceu na praia com um "piercing" no olho do umbigo e uma grande tatuagem na altura lateral da perna esquerda.
Lorico, quando viu a mulher, exclamou: meu Deus, que vergonha! Essa Belezoca ainda vai me matar do coração. E com o seu jeitinho miúdo e meio careca, começou a balançar a cabeça como um pêndulo, como querendo relaxar a tensão do momento.
Tomazinho, setentão brincalhão, não se conteve ao ver o "píercing" da Belozoca e foi logo dizendo ao Lorico: cuidado amigo, com a tua mulher, eu soube que ela está querendo te levar a uma praia de nudismo, está doida para mostrar os balangandans.
- Brincadeira tem hora, vamos respeitar a minha mulher - reclamou Lorico.Mas Lorico sabe muito bem do que a sua mulher é capaz e começou a ficar muito preocupado com a estória do Tomazinho.Eu tenho pena do Lorico. É um cara legal, corretíssimo, e fala baixinho quando o assunto tratado é mulher dos outros. Trabalha que nem um desgraçado, apesar de seu porte debilitado, só para sustentar os gastos da Belezoca e das filhas solteironas, umas tremendas deitadas. Quando vamos a uns bate-coxas - a Belezoca adora -, o Lorico fica com os poucos fiapos que lhe restam na cabeça arrepiados, só em pensar nas estripulias que a Belezoca vai aprontar, pois a mulherzinha gosta de uma caipirinha, uma cuba libre e um vinho tinto de garrafão - ela toma todas -, e se dana a dançar como o Lorico, dançarino fugaz que não acerta um só compasso da balada e de vez em quando tropeça nas sandálias de salto alto da Belezoca. Lá pelas tantas da madrugada, o Lorico, cansado e com os olhos esbugalhados de sono, já não agüenta mais esperar passar o fogo da Belozaca, que a essas alturas já dança e canta sozinha no meio do salão.Essa Belezoca inferniza a vida de Lorico. Outro dia resolveu mandar fazer um móvel para sua casa. Pra quê! Já devolveu várias vezes o armário. É de um perfeccionismo doentio, que não pode ver um risco sequer na madeira. E manda o coitado do Lorico se entender com o instalador-fabricante. Ela é uma mala...
Certa noite, fomos a um jantar no salão de festas do condomínio de um amigo, e não é que a Belezoca se apresentou com uma minissaia arrasadora e com um tremendo "píercing" no olho do umbigo! Quando ela entrou no salão foi aquele muxuxo geral. Precisava ver o semblante ruborescido do Lorico. Mas a Belozoca não se intimidou e, logo que terminou o jantar, foi para o centro do salão, bateu a poeira e deu início ao bate-coxas com o Lorico, o qual, meio encabulado e olhando disfarçadamente para os lados, não sabia onde se esconder.
A Belezoca, com seu 1,55 m de altura, é uma mulher extravagante. Oxigena o cabelo todas as semanas. Gasta uma grana nos cabeleireiros. Outro dia, numa festa de um amigo, a Belezoca se apresentou por demais emperiquitada: brincos pesadíssimos, vestido longo vermelho com abertura lateral até as coxas para mostrar a sua tatuagem, Maquiagem nem falar... Mas o que mais chamou a atenção de todos foi a rodilha da velha. Sim, ela tem um matagal de cabelo e resolveu enrolá-lo em forma de rodilha, para poder dançar e não suar. E o coitado do Lorico, meio constrangido, só observava a Belezoca delirar no seu devaneio.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A quem interessa legalizar o aborto?

A Igreja Católica, como qualquer outra instituição religiosa séria, prima pelos conceitos morais que devem sempre nortear a relação fraterna entre as pessoas.
Quando ela se manifesta contrária ao aborto, é porque faz parte de sua natureza defender a preservação da vida em toda a sua concepção e extensão. Assim, com todas as restrições que porventura se possa fazer às suas posições dogmáticas e seculares, ela ainda é o ponteiro que orienta a maioria das famílias brasileiras para o bem. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, certa feita disse que "o aborto deve ser tratado como um problema de saúde pública e um direito de ser discutido de maneira laica pelas mulheres, com todas as condições que o Estado tem de oferecer". Não se discute a laicidade do aborto, mas o aspecto moral e de responsabilidade das mulheres em suas relações sexuais voluntárias.
A mulher moderna, do alto de sua liberdade, tem afirmado que é dona de seu corpo, que paga imposto e que pode decidir se deseja ou não interromper uma gravidez indesejada. Com todo o respeito ao livre arbítrio de decisão defendida por parcela de mulheres, não é bem assim, de forma liberal, que o tema deve ser resolvido. A interrupção de uma vida não pode ser levada para o terreno da banalidade.
Gravidez indesejada se poderia falar em caso de estupro. Na pior das hipóteses, o aborto terapêutico seria necessário para salvar a vida da mulher em caso de risco ou na circunstância de má-formação fetal, especialmente anencefalia, como já tem se manifestado favoravelmente o Poder Judiciário. Não sendo dessa forma, é preciso que a mulher e o homem tenham mais responsabilidade e assumam as consequências de seus atos negligentes demonstrados ao não se cercar dos cuidados necessários de usar os meios anticoncepcionais existentes ou conhecidos, hoje bastante difundidos pelo Ministério da Saúde.
O aborto proposital de uma relação sexual voluntária deve ser combatido como forma de preservação dos valores morais, dentro de um quadro de responsabilidade que deve coexistir entre os seres humanos. É verdade que o aborto clandestino tem aumentado a estatística de acidentes com mortes de mulheres. Mas a sua legalização será o passaporte para consagrar a promiscuidade sexual - juvenil e adulta.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Empresário versus empregado

A presente crise econômica mundial, excetuando as razões que levaram o mercado americano à bancarrota com sensíveis reflexos em outras economias do planeta, serviu para mostrar a insensibilidade de grupos empresariais gananciosos, que só se preocupam com a voracidade dos lucros de suas empresas e se esquecem de dar segurança de emprego a seus empregados em momentos de transição conjuntural.Essa visão de responsabilidade empresarial com os seus empregados deveria ser uma preocupação de todas as empresas. O empregado é uma das peças fundamentais da engrenagem de um negócio. Não basta ter os componentes de fabricação ou de comércio se não existir aquele que saiba conduzi-los. Os dois estão intimamente ligados - empresário e empregado -, um depende do outro. É evidente que a direção de seus proprietários tem que ser respeitada, mas os fins dos negócios são alcançados graças ao bom desempenho do corpo de empregados.Neste momento de turbulência da economia mundial, o mercado brasileiro já dá sinal de seu efeito maléfico com a previsão de muitas demissões anunciadas. Segundo a FGV, um terço das indústrias nacionais pretende demitir, o que representa o maior índice nos últimos dez anos. A questão de emprego em atividades privadas, principalmente nas médias e grandes empresas, deveria merecer mais atenção de nossas autoridades políticas, governamentais e do Ministério do Trabalho. As empresas ao se estabelecerem deveriam sofrer um processo prévio para verificar a real capacidade (econômico-financeira) de poder suportar relativamente o seu quadro de empregados em determinadas situações - como segurança da manutenção de emprego do trabalhador.Vejam o que está ocorrendo atualmente com a indústria de carros. Mal-acostumada com grandes margens de lucros, e mesmo recebendo dinheiro do governo para suas operações, anuncia demissões porque certamente não aceita reduzir a margem de sua lucratividade. Antes de a China despontar para o mercado de calçados, muitas empresas exportadoras de calçados, no Vale do Rio dos Sinos, recrutavam empregados acima de sua capacidade de endividamento, visando atender, em grande escala, ao mercado americano, mas sem nenhuma preocupação com o futuro desses operários. E qualquer retaliação de política externa, ou defasagem cambial, logo batiam à porta das autoridades monetárias pedindo socorro e demitiam os empregados. Isso tudo ocorria e ainda ocorre por falta exclusiva de responsabilidade empresarial e por ausência de políticas públicas atuantes.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Como encontrar emprego

Meu amigo, se você quiser ter emprego farto e bem remunerado, com grandes perspectivas de enriquecimento (ilícito) e ainda levar, de lambuja, uma boa aposentadoria vitalícia para seu cruzeiro turístico, faça como muitos espertalhões brasileiros e abrace, com toda a força, a "espinhosa" carreira política. Não precisa de nenhum pré-requisito intelectual, ou freqüentar cursinho, basta apenas saber rabiscar o seu nome e gostar da ribalta do poder para ter sucesso garantido. Senão, vai ter de ralar a vida toda e comer o pão que o diabo amassou! Espelhe-se em nosso guru presidencial: tem vida boa, pega onda e faz caça submarina em Fernando de Noronha à nossa custa, e, para seu regalo, já tem algumas prebendas vitalícias garantidas, e tudo isso sem ter precisado fazer muito esforço ou queimado pestanas em elucubrações mil.E a gente começa a questionar: para que estudar tanto - neste País de nove dedos políticos -, concluir curso superior, pós-graduação etc, etc se outros conseguem status social e financeiro na moleza, e não há emprego para a maioria ou quando encontra é mal-remunerado? É claro que existem pessoas bem-sucedidas, mas são exceções dentro do contexto nacional.E o nosso bem abonado presidente da República, que nunca teve preocupação com estudo, parece que não conhece a realidade brasileira (falta de grana) e manda a vassalagem gastar para esquentar a economia. Só que ele não empresta o seu cartão corporativo para a plebe passear, por exemplo, na paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha. Mas abre a boca de vez em quando para tecer comentários inadequados. Vejam, abaixo, a declaração da médica Marise Valéria Santos, publicada no jornal Diarinho, de Balneário Camboriú (SC), em 7 de janeiro último, sob título Médica diz que ganha pouco e dá pau no Lula:"Não lhe chamo de "doutor" porque isso você não o é, muito menos de presidente porque não tenho obrigação nenhuma de chamar de algum título um boa-vida, cachaceiro, ignorante, amoral, ladrão e desmemoriado. Sabe, Luiz, tal como você, também sou de origem humilde. Minha mãe lavou muita roupa e fez muito crochê para me criar, depois minhas irmãs cresceram e foram ser tecelãs numa indústria em Bauru...Estudamos em escola pública, naquele tempo nem calçado tinha, ganhava roupas usadas e me sentia uma rainha.Com muito custo, estudamos, Luiz Inácio! Desde 5 anos eu já ajudava em casa para minhas irmãs trabalharem e minha mãe também. Com 12 anos, comecei a trabalhar fora; doméstica, depois metalúrgica, até que terminei meu colégio e ingressei numa universidade pública.
Luiz Inácio, nunca fiz cursinho, nunca fui incentivada; levantava às 4 e ia dormir uma da manhã; tomava vários ônibus; caminhei muito, comia pouco, vivia para os estudos e, engraçado, nunca perdi um ano, nunca perdi uma aula e, graças a Deus, em 1983 me formei em Medicina. Especializei-me, me casei e junto com meu marido luto para dar o melhor para as minhas filhas.Hoje sou preceptora em uma Universidade, ganho tão pouco que é uma vergonha ser médico nesse País... Depois que você quis brincar de presidente, as coisas pioraram ainda mais, mas o que se há de fazer?
Agora, vem cá: você é pobre e não teve condição de estudar? Não me engana com esse "rosário"... Mas não mesmo... Sua mãe era analfabeta? Empatamos; a minha também. Eu ensinei a ela conforme ia me alfabetizando até aparecer o Mobral - desculpinha esfarrapada essa sua, hein? Eu engoli você esses quatro anos, com suas gafes, seus roubos (e como sei de coisas... conheço o Palocci)... E sempre fiquei na minha, quieta... porque é um direito seu... Mas hoje, ao ligar a televisão e ver você, hipocritamente, chamar a todos brasileiros de burros e incompetentes, lamento, mas foi a gota d’água! Não julgue os outros por você... Não me compare à sua laia... Sou apolítica, mas sou brasileira e em momento algum o senhor fez por merecer todo carinho que essa gente lhe dá.Luiz Inácio, falar que o "povo brasileiro não teve inteligência suficiente para decidir a eleição", creia, foi a pior frase que você poderia ter dito... Posso até concordar que 48% não tiveram inteligência porque vivem na ignorância, na mesma que você julga que o povo brasileiro tem. Eu só espero que essa sua frase, dita num sorriso de quem já tinha bebido todas, ecoe de Norte ao Sul do País e acorde esse povo que como eu lutou muito para chegar onde está... que como eu, não aguenta mais pagar impostos para o senhor e sua corja gastarem com sabe-se lá o quê.
Foi mal, Luiz Inácio... Muito mal mesmo!Marise Valéria Santos(CRM 77.577), médica".
(Transcrito ipsis litteris)

domingo, 11 de janeiro de 2009

Judiciário gastador

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) fechou contrato para comprar 18 carros de luxo por R$ 2 milhões! Uma vergonha. A corte alega que os veículos novos irão substituir os carros com mais de cinco anos de uso na frota que atende a 33 ministros. Mas o tribunal já tem 37 carros modelo Ômega CD, comprados em 2005, por R$ 33 milhões. Como se explica isso?Se o próprio STJ não respeita os gastos públicos, como poderá ter autoridade para julgar as demandas correlatas da sociedade? Está havendo um contra-senso de quem deveria ter senso de responsabilidade pública. Lamentavelmente, é um mau exemplo que está permeado na cultura dos serviços públicos e a gente não se surpreende mais porque quem deveria observar a balança da Justiça é justamente o órgão que desfruta as mordomias sem nenhuma cerimônia com os demais mortais brasileiros. Estes, por sua vez, só servem para pagar a conta da corte privilegiada brasileira de senhores encastelados em confortáveis gabinetes e desfrutando de outras mordomias mais.Por que os senhores membros dos tribunais brasileiros, muito bem pagos, não são "pessoas normais" para andar de táxi, de ônibus, a pé, de trem etc. como fazem os demais cidadãos trabalhadores durante as suas jornadas de trabalho? Então, um País cujos governos demonstram dificuldade para suplantar as desigualdades sociais, em que há arrojo salarial de toda a ordem e as pessoas desempregadas passam necessidade, não pode se dar ao luxo de ter um Judiciário gastador.Cabe a nós, cidadãos, manifestar repúdio, cobrando das autoridades competentes (Parlamento Federal, TCU etc.) mudança de comportamento com essa farra de dinheiro público porque para atender às necessidades sociais sempre faltam recursos. E o site do STJ para protesto é: www.stj.gov.br (clicar, pela ordem, Superior Tribunal de Justiça - O Tribunal de Cidadania; b) Fale conosco; c) endereços eletrônicos.)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Absurdo!

R$ 929,34, uma carteira de motorista no RS? Uma vergonha! Alguém, ou como diria o populacho "alguéns”, continua se locupletando no Estado. O RS cobra uma das maiores taxas para licenciamento da carteira de motorista, por quê? Qual a explicação lógica e honesta? Com as mudanças há regiões que cobram R$ 703,00. A Governadora deve uma explicação: por que até agora não foi reduzido para valores razoáveis o preço das carteiras de motorista no Estado? Teremos que continuar a encher o bolso de desonestos que usam a máquina pública para surrupiar o contribuinte gaúcho? Até quando? Que a governadora publique planilha com os dados que justifiquem o atual valor cobrado. É um desafio que faço.Por outro lado, o CONTRAN deveria padronizar o preço das carteiras em nível nacional, pois já está na hora de se moralizar os preços dos serviços públicos em todo território nacional. Ou aqui temos vários brasis com regras díspares para o mesmo povo? Os abusos contra a sociedade brotam, mas a corte política nacional não se interessa em aprovar leis sociais factíveis e equânimes para todos.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Educação sem seriedade

A educação pública brasileira, lamentavelmente, é tratada – com menoscabo - ao sabor de cor partidária política, ou do gosto do administrador público que comanda o ente municipal, estadual ou federal. Agora, o recém-empossado prefeito do RJ já vai mexer na estrutura da escola pública municipal. Com todo o respeito, parece até casa-de-mãe-joana. Mas não deveria ser assim, se os políticos trabalhassem com mais seriedade, menos glamour em aparecer na vitrine do poder, e mais responsabilidade com o gasto e com a produtividade da máquina pública.
É impressionante! Cada administrador público tem a sua forma particular de encarar a educação. E fica essa pouca-vergonha de o ensino público brasileiro não ter padrão de trabalho de continuidade em longo prazo, para ser cumprido por todos os governos
Dessa forma, falta planejamento de políticas públicas de longo prazo, no País, sem matiz partidária política, para serem cumpridas, por lei, por todos os governos subseqüentes.