segunda-feira, 30 de junho de 2008

Senadores festeiros & cia.

O Senado Federal deveria se espelhar na seriedade política do senador Pedro Simon, que consciente de sua responsabilidade pública, não mediu esforço de se manter de vigília num plenário vazio, para forçar o Planalto a enviar uma mensagem autorizando o governo gaúcho a contrair empréstimo junto ao Banco Mundial. Enquanto isso, pasmem, o Senado estava vazio por causa das festas juninas no Nordeste, cujos senadores festeiros já tinham saído para a folgança sem se preocupar com os trabalhos legislativos.
O Senado Federal dá um mau exemplo ao decretar recesso branco por causa de comemorações populares em plena agonia de sua reputação de trabalho na avaliação da sociedade brasileira.
Os senadores festeiros & Cia. se ausentam de seus misteres, irresponsavelmente, mas não deixam de receber, no prazo certo, as benesses públicas salariais, que são pagas por todos os brasileiros através da alta carga tributária tungada do bolso de todos nós sobreviventes. É uma vergonha!
Pois bem, enquanto os festeiros se esbaldam em folguedos à nossa custa, do outro lado do mundo está a China fulgurante em vertiginoso crescimento econômico, trabalhando diuturnamente e engolindo todas as economias mundiais, e nós aqui no Brasil tupiniquim assistindo à pouca vergonha de membros de nosso estamento nacional gastando o dinheiro público sem trabalhar e proporcionando um quadro melancólico de mau exemplo de conduta política ao não comparecerem às sessões regulares dos trabalhos legislativos por motivos fúteis de festas de São João.
Como se pode acreditar na seriedade política brasileira e pretender soerguer, com estabilidade este País, se os nossos parlamentares, com raras exceções, não demonstram responsabilidade com a coisa pública?
Temos que desatar o nó górdio do vício purulento que domina as instituições públicas e os nossos políticos, que só querem tirar vantagem das posições que exercem. Mas para isso é preciso o concurso de todos no sentido de fiscalizar e denunciar o mau comportamento político.
Quando a presidência do Senado foi substituída, a bem da moralidade publica, pelo senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), esperava-se dele uma postura mais arrojada e moderna para resgatar a imagem daquela instituição. Mas pouca coisa se viu, pois, por exemplo, no caso vertente das festas juninas, demonstrou ele condescendência e pusilanimidade com seus pares, que não queriam trabalhar neste período, postergando os trabalhos para o início de julho.Com decisão mais responsável, o presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) ameaçou cortar o ponto dizendo: "Aqueles que faltarem e que não estiverem de acordo com o que o regimento estabelece, que justifique por que vão faltar, é inapelável".
Ora, comemoração de festa junina no Nordeste não pode ser motivo para interromper os trabalhos legislativos. E a declaração com toda ênfase do senador Garibaldi, de que "não pega mal, mas bem também não pega bem. São festas tradicionais e os políticos são representantes do povo", só vem mostrar como está muito longe de se resgatar a seriedade e responsabilidade política. Mesmo sendo uma "tradição" os políticos participarem dos arraiais no Nordeste, está na hora de essa farra e esse vício, custeados com o nosso bolso e com sensíveis prejuízos aos trabalhos legislativos, serem interrompidos. O Brasil, senhores, é um somatório de vícios tradicionais - que corrói a moralidade pública -, e que precisa ser combatido e exorcizado.
Julio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado