segunda-feira, 29 de junho de 2009

Everton Cleiton, o retrato do Brasil

O escritor Moacyr Scliar, com sapiência e sensibilidade, em seu artigo "Currículos", publicado no jornal Zero Hora, de 20/06/2009, aborda o caso de um cidadão "comum" - igual a muitos brasileiros desempregados e sem perspectivas neste País cheio de políticos corruptos - que foi preso no Rio de Janeiro, após assaltar, junto com dois companheiros, uma van de transporte coletivo.Relata o escritor: "E foi preso por causa de sua distração: na fuga, esqueceu a mochila, onde estava um currículo com vários de seus dados, incluindo o endereço. Igualmente engraçado, ou aparentemente engraçado, é o fato de que, no currículo, Everton se descreve como educado, de fácil trato, com facilidade para trabalhar em equipe, muita vontade de crescer profissionalmente e disponibilidade de horários".
Com objetividade e de uma leitura fácil, o artigo "Currículos" nos remete aos políticos (e governos) que deveriam estar empenhados em resolver os problemas sociais votando as leis deste País. Em vez de, por exemplo, o Senado Federal - uma excrescência porque já existe a Câmara dos Deputados - negligenciar o cumprimento de suas funções constitucionais, hoje transformado numa autêntica "casa dos horrores", onde tudo acontece de podridão, deveria estar trabalhando para que outros "Everton Cleiton" não figurassem nas estatísticas policiais.Certamente, se o nosso País não fosse regido por esses (políticos) apedeutas, de todas a matizes, não faltaria dinheiro para aplicar no social, e o infortunado Everton Cleiton, 21 anos, não estaria plagiando currículo nem assaltando ninguém. Mas o retrato do Brasil é este: um pobre e jovem cidadão, cansado por não encontrar emprego, resolve assaltar e é preso; no Senado Federal, uma quadrilha, do alto e baixo clero, malversa o dinheiro público, enxovalha a sua imagem e não é presa; o presidente do Senado, o imperador do Maranhão, José Sarney, mas eleito pelo Estado do Amapá - uma anomalia histórica da política nacional - desafia a todos dizendo que tem conduta "impoluta" e que tudo não passa de conspiração social (imprensa) contra a "candidez" dos políticos nacionais.E dessa forma, o Brasil segue o seu caminho tortuoso de contrastes (sociais). Enquanto o mordomo da ex-senadora e agora governadora do Maranhão, Roseana Sarney, presta-lhe triviais serviços particulares, recebendo dos cofres públicos do Senado a bagatela de R$ 12 mil de salários; o diretor-administrativo-financeiro, Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, da Fundação José Sarney, em São Luís, lotado no gabinete do senador Lobão (pai e agora filho), desde 1995, mas não dá expediente em Brasília, recebe dos cofres públicos R$ 3,2 mensais; quis o destino - não sei por quê - que o nosso brasileiro Everton Cleiton não fosse também bafejado pela sorte de ter um padrinho político da família Sarney.

A decadância do Senado Federal

Causa perplexidade saber que os senhores senadores assinam decisões sem a mínima preocupação com o desfecho desses atos. Essa falta de zelo, isto é, de responsabilidade com a coisa pública, representa hoje o maior escândalo que se tem notícia envolvendo os quadros políticos e administrativos do Senado Federal. Uma vergonha!O presidente do Senado, um mau exemplo de homem público, três vezes dirigindo a Casa, fala solenemente que não sabia de nada do que se passava na instituição. Mas os seus apadrinhados estão lá. E a gente aqui pagando altos impostos para manter a farra de uma instituição decadente, que pouco produz, transformada em verdadeiro refúgio de velhos políticos carreiristas que só dão despesas à Nação quando bastaria a existência de uma Casa Legislativa (Câmara dos Deputados) e com menos parlamentares.Para que serve atualmente o Senado? Não há justificativa plausível que recomende a sua continuação. O povo, o verdadeiro protagonista da democracia, tem demonstrado que não concorda mais com a manutenção do Senado Federal. É só fazer uma consulta popular para saber a posição da opinião pública. Por que não fazem a consulta? O povo não tem o direito democrático de se manifestar sobre as suas instituições públicas? Qual o medo? De perderem a "boquinha rica" das benesses de uma instituição decrépita, falida, inoperante e enxovalhada? Há no Senado pessoas ilustres, mas são poucas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O velho lobo

Acossado por manifestações da sociedade brasileira, o velho lobo, imperador do Maranhão, José Sarney, mas eleito pelo Estado do Amapá - uma anomalia histórica da política nacional -, não teve dúvida para enfrentar a chuva ácida de acusações que lhe foram irrogadas. Do plenário do Senado, partiu para o ataque desafiando a todos os "santos" presentes que jogassem a primeira pedra. Velho marinheiro de longas jornadas, sabe como poucos navegar em mar tempestuoso e cheio de tubarões.

Ele conhece bem o presente e o passado da maioria de cada um dos tubarões que navega em águas do Senado. São geralmente tubarões de rabo preso (mansos), acostumados a conviver em águas poluídas, que não teriam coragem de cometer a descortesia de desapontar o "impoluto" senador maranhen..., quer dizer, amapaense com qualquer questionamento da espécie.

Usando dessa estratégia, o senador Sarney cuspiu fogo contra todos aqueles que ele considerou não saber respeitar a vida "exemplar" de um homem público. Bravo! Muito bravo, senador Sarney! Nós, patuleia desvairada, é que somos uns irresponsáveis. Como ousamos cometer injustiças à candidez política de parlamentares brasileiros?

Recentemente, o ex-presidente da Coreia do Sul, Roh Moo Myun, suicidou-se ao ver o seu nome envolvido em escândalo de corrupção. Aqui, ao contrário, o presidente do Senado, José Sarney, por três vezes comandando o estamento nacional, afirma solenemente que não sabia que o salário moradia lhe era creditado mensalmente em sua conta corrente; que os seus netos e demais familiares exerciam funções públicas, sem concurso, em gabinetes de amigos políticos; que desconhecia que não deveria usar cotas de passagens aéreas para fins pessoais, familiares e de amigos; que nunca ouvir falar em falcatruas de diretores do Senado. Será que ele pegou o vírus do presidente Lula, que sempre afirmou não saber de nada que se passa no governo?

Que o senador Sarney se mostre um tanto esquecido de suas responsabilidades e deveres públicos, por sua longeva idade parlamentar, até se releva. Mas vir elevar o seu passado de homem público irreparável, com todo o respeito, a história política do Maranhão certamente não o abonará, assim como a opinião pública brasileira. Ir à tribuna se defender e dizer que mandará apurar os fatos relacionados com os tais atos "secretos" não é o suficiente. Essa prática de postergar as soluções já é conhecida. O que o País precisa saber agora é se os atos secretos serão anulados, e por que os diretores responsáveis ainda não foram afastados.

E nesse episódio, eis que surge (quem diria) o presidente Lula, de forma conciliadora, para falar em política de denuncismo no País, tentando defender o senador Sarney de que ele tem história suficiente para que não seja tratado como uma pessoa comum. Ora, todos são iguais perante a lei, Art.5º da Constituição Federal.

Ademais, durante a gestão presidencial Sarney, conforme registra jornais da época, Lula se esquece que lhe fez desairosas considerações: "Não há diferença entre o governo Sarney e o governo Figueiredo (Fev/1986)". "Qualquer governo, comparado a Sarney, será socialista, tal a mediocridade de sua gestão (Dez/1986)". "Se o governo continuar errando, o que vai sobrar para o Sarney é ser maquinista da Ferrovia Norte-Sul que está tentando construir (Set/1994)".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Copa do Mundo versus problemas sociais

Muitos não vão gostar, mas discernimento e responsabilidade estão faltando àqueles que comungam com a realização da Copa do Mundo no Brasil. País carente de quase tudo de essencial à maioria dos cidadãos, não pode se dar o luxo de sediar magno evento esportivo, principalmente num momento de situação de crise financeira mundial.

Se o Brasil tem tanto dinheiro disponível para aplicar em eventos esportivos e não o utiliza socialmente, em saúde pública, educação, segurança, saneamento básico de cidades onde o esgoto ainda corre a céu aberto etc., deixa transparecer muita irresponsabilidade de seus dirigentes.

Com licença aos amantes do futebol, eu sou um deles, a explicação para tal realização vem acompanhada de muitas espertezas: para satisfazer inconfessáveis interesses políticos de se mostrarem na vitrine pública eleitoreira; para atender à ganância dos empresários ávidos nos lucros dos eventos e em licitações públicas irregulares; para encher o bolso dos realizadores do evento - dirigentes esportivos, políticos, prefeitos, governadores etc. - com bondosas "comissões amigas"; para financiar, a juros baixos, os estádios e agregados com recursos públicos, com prazos de pagamento a perder de vista etc.

Só que depois quem vai realmente pagar a conta é o contribuinte brasileiro, mediante aumento da carga tributária. A ufania nacional pelo futebol deveria ter limite. Primeiro, deveríamos preparar o País com infraestrutura social para que nenhum torcedor brasileiro fosse, por exemplo, ridicularizado pelas lentes da mídia nacional e internacional ao arreganhar a boca em expressão de descontentamento por um gol perdido ou de riso por uma jogada bem-sucedida, expondo a sua incompleta arcada dentária, o que é característico de um cidadão de país que não se preocupa com os problemas sociais.

Vozes responsáveis, entretanto, se levantam, como a do médico de Feira de Santana (BA) Dr. Eduardo Leite, que em seu site eduardoleite.blogs.pot faz a seguinte observação:

"O Brasil, conduzido pela mídia interessada ou desinformada, vangloria-se de sediar a copde futebol em 2014. Tem-se a impressão que será a salvação para os doze Estados que sediarão esse mega evento, que faz a alegria dos grupos privados que exploram o futebol. Aqui, na Bahia, fala-se em investimentos que passarão dos três bilhões e meio de reais. Isso mesmo: 3.500.000.000,00 de reais. Podendo chegar a mais. Com certeza, chegará.

Estranhamos essa cifra, considerando os jogos Pan Americanos, que englobam quase todos os esportes e exigem maior logística, foram alvos de críticas por custar mais de dois bilhões de reais, incluindo toda a estrutura de segurança, hospedagem, e transporte. Resultou, inclusive, numa desconcertante vaia ao presidente Lula, quando da abertura oficial.

Só na demolição e construção da nova Fonte Nova, estima-se em mais de 500 milhões de reais ou mais, pois só a reforma do estádio de Pituaçu custou 55 milhões de reais, o equivalente a dois hospitais pediátricos com capacidade de 280 leitos, cada um.

Surpreendente, a declaração do coordenador estadual para a Copa na Bahia, Fernando Schmitt, ao declarar que será muito bom para a Bahia todo esse sacrifício-investimento, pois a FIFA fará exigências que trarão benefícios para a população soteropolitana, em relação à segurança, turismo, com a revitalização do Pelourinho, hotelaria, logística urbana nos transportes, na educação(?) e pasmem: para a saúde pública, pois será exigido do Estado a construção de hospitais e postos de saúde, além de obras em saneamento básico.

Pior ainda é tentar iludir aos fanáticos admiradores de futebol, e aos não fanáticos, que todo esse bilionário investimento será à custa de investidores privados e com baixa participação de verbas públicas.

Se assim fosse, melhor seria extinguir o Ministério Público e outros órgãos, incluindo o governo, que têm a obrigação de que seja cumprida a Constituição Federal e colocar a FIFA sob coordenação de Ricardo Teixeira, como gestor do nosso Estado.

É pertinente lembrar que o futebol passou a ser manipulado por grupos empresariais que só visam o lucro, por grupos da máfia que exploram as apostas, da intermediação de venda de grandes jogadores, lavagem de dinheiro e outras jogadas duvidosas.

Para quem acredita em Chapeuzinho Vermelho, Mula-Sem-Cabeça, Xupa Cabra e Papai Noel, é só torcer, alegrar-se e depois pagar a conta dessa Copa, com cabeça, pescoço, tronco e membros de mais um tremendo UM SETE UM."

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Gasta-se demais com universidades

Gasta-se muito dinheiro com universidade para todos, enquanto não se ensina, com solidez, o indivíduo a saber ler, escrever e fazer conta. Matemática financeira então, nem se fala! A maioria não sabe resolver sequer questões do cotidiano: percentagem, juro simples, desconto etc.Não precisamos de tantos doutores, mas sim de formação técnica especializada de nível médio de alta qualidade.

Necessitamos de escolas públicas - 1° e 2.° graus - de excelente qualidade e direcionada à aprendizagem técnica profissionalizante, para que o cidadão saia em condição de poder trabalhar.

Nem todos os indivíduos estão preparados para a carreira superior, muitos preferem trabalhar numa especialização técnica não-universitária. Quantos jovens não sabem qual o curso superior a seguir, mas são pressionados pela família ou pela tendência social a cursar uma faculdade? Depois, trancam o curso, ou pulam para outro, e quando se formam não têm competência profissional.

Tudo porque a exigência exacerbada de formação universitária no País está se transformando num certo modismo (caro), e não numa necessidade profissional para a vida. É preciso que as doutas autoridades que tratam da educação formal brasileira reflitam sobre essa crescente onda de formação universitária.

Universidade para todos é uma medida pedagógica ou política? É preciso que o assunto seja tratado com responsabilidade. O nosso mercado de trabalho tem o perfil universitário ou de conhecimento técnico de nível médio? Muito dinheiro, público e privado, está sendo gasto com universidade como se isso fosse a solução para resolver as diferenças sociais e o desemprego.

Por outro lado, a instituição de cotas raciais universitárias é um grande equívoco e só serve para gerar animosidade entre segmentos sociais. Não devemos esquecer que o branco pobre também sofre as mesmas exclusões sociais. Essa engenhoca credencial, encontrada para rever erros do período da senzala, não tem cabimento porque o problema primordial está localizado na falta de políticas públicas includentes educacionais. Senão, até quando esse pseudorreparo de injustiça escravocrata persistirá?

Assim, enquanto se verifica uma excessiva preocupação governamental com a criação de mais universidades pelo País, a revista britânica A Economist considera que o Brasil gasta demais com universidades, em vez de ensinar a ler e escrever.

Vejamos o comentário do jornal Opinião e Notícia acerca desta matéria:

"A revista britânica Economist ressalta que qualidade da educação brasileira ainda está muito aquém do que se observa em outros países em desenvolvimento. Isso apesar dos altos gastos públicos do País com educação. Em um teste feito com alunos de várias nacionalidades para verificar suas habilidades em leitura, matemática e ciências, os brasileiros ficaram atrás dos sul-coreanos, chilenos, mexicanos e indonésios, apesar de o Brasil ter a maior porcentagem do PIB gasta com educação, à exceção do México.

A Economist considera que, tal como a Índia, o Brasil ainda gasta demais com suas universidades, em vez de ensinar a ler e escrever. A revista britânica avalia ainda que, apesar dos esforços do governo para colocar as crianças nas escolas, o sistema educacional padece de dois problemas principais: o excesso de faltas ao trabalho dos professores e o alto índice de repetência dos alunos.”

Uso da maconha

É bastante preocupante ouvir de um sociólogo e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, manifestação favorável acerca da descriminação do uso da maconha. Parece que ele perdeu o senso de responsabilidade. Entretanto, a sua opinião tem peso e deve merecer reflexão para não deixar influenciar na reversão da ilegalidade do fato. Essas tentativas pragmáticas de legalização do uso da maconha são de consequências imprevisíveis.

Ora, a maconha é a porta de entrada de experimentação para o usuário se transportar para outras drogas. Recentemente, o Rio Grande do Sul foi abalado com a notícia patética de uma mãe que matou com tiro de espingarda o seu próprio filho, usuário de crack, num bairro de classe média alta de Porto Alegre. Esse jovem assassinado, com certeza, não se iniciou pelo crack, mas pela maconha.

Alguns falam que a proibição leva à curiosidade e ao desafio de conhecer ou experimentar alguma droga. Mas não devemos transigir, pois a sua liberação pode levar muita gente ao flagelo. E é justamente o excesso de tolerância ao descumprimento de regras que tem contribuído para muitas pessoas, e principalmente jovens, entrarem no vício perigoso das drogas.

Considero uma grande irresponsabilidade de alguém que governou o País por oito anos, não cumpriu os objetivos de arrecadação da CPMF para a saúde e deixou o SUS falido, vir dizer que cabe às famílias e aos governos a obrigação de cuidar de seus doentes. "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!". Se FHC, no seu governo, tivesse implementado políticas públicas contínuas de combate aos narcotraficantes, a situação brasileira hoje seria outra e não teríamos tantos doentes derivados das drogas químicas. Mas não deixa de ser uma declaração corajosa, embora irresponsável.

Em que país de expressão territorial a liberação do uso da maconha produziu resultado positivo? A Holanda, um pedaço de terra, não consta que tenha solucionado de vez o problema. E por outro lado, imagine você – com a liberação do uso da maconha - passeando ou se exercitando nos parque e ruas sendo obrigado a conviver com baforadas de fumaça de maconha, de cheiro acre e morrinhento insuportáveis, se já não bastasse a fumaça do cigarro comum de tabaco?!


A maconha não pode ser liberada. Se hoje existem tantos jovens apatetados, desmotivados, introspectivos, taciturnos, revoltados e esquizofrênicos por causa de drogas como a maconha, por que essa tentativa ensandecida de se pretender liberar o uso da maconha? Temos que combater e vencer qualquer droga, e não jogar a toalha como expressão de derrota.

Desoneração de imposto

A suposta "marolinha" mostrou que o banzeiro era muito maior, e que a onda já atinge a todos, inclusive a arrecadação dos municípios. Vejo como medida positiva a redução de impostos das mercadorias. E observo também muitas palavras jogadas ao vento em defesa das prefeituras que reclamam a redução dos repasses do Fundo de Participação de Municípios (FPM).

Fala-se tanto, e é uma grande verdade, na alta carga tributária brasileira. Neste momento de crise, vejo como saudável a redução de impostos. Aliás, não precisaria haver uma reforma tributária formal para ajustar a carga tributária, mas apenas coragem governamental para reduzir os impostos nacionais. O resultado seria, positivamente, menos sonegação fiscal; aumento da produção; redução do desemprego; aumento do volume monetário de arrecadação em cima de maior produtividade e consumo. Ou seja, preços mais baratos representariam aumento de consumo e de produtividade.

O produtor ou vendedor não mais sonegaria imposto e teria lucro pelo aumento da quantidade vendida. É como faz, por exemplo, o feirante em “final” da feira: reduz o preço da mercadoria e vende tudo ainda com lucro. Há muito tempo, no Rio de Janeiro, uma drogaria baixou o preço de toda a linha de produtos. Enquanto as outras farmácias levavam dias, semanas ou meses para esvaziar o estoque a preços salgados, aquela drogaria renovava quase que diariamente o seu estoque e lucrava pela quantidade vendida. Por quê? Porque vendia com preços menores. Assim, deveriam ser os preços das mercadorias com impostos mais razoáveis.

As prefeituras têm que aprender a administrar dificuldades. Por isso, entendo que pessoas sem formação econômico-financeira de administração pública não deveriam administrar Estados e municípios. Apenas para citar um exemplo de boa administração, independente de posições antagônicas políticas, a governadora gaúcha Yeda Crusius pegou o RS com as suas finanças falidas. Todos os governos anteriores, inclusive o pior deles, o PT, só afundaram o Estado; e ela teve o mérito de zerar o negativo ao demonstrar, como economista e conhecedora de finanças, qualidades formais que faltam aos demais.

Então, essa "lógica" de os municípios chorarem a redução dos repasses do FPM é sofismática, pois com a diminuição de imposto para aumentar o volume de vendas todos ganharão, inclusive as prefeituras. Como é difícil a desoneração de impostos no Brasil!

Desperta Maranhão!

Desperta Maranhão!

Com a benevolência dos velhos políticos, de práticas tradicionalmente condenáveis, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) não respeita os princípios primários de moralidade pública ao dar emprego, por nepotismo cruzado, ao neto do "imperador" do Maranhão, senador José Sarney (PMDB-AP). E o pior, logo depois que o mancebo foi demitido, em razão de decisão do Supremo Tribunal Federal que proibiu o nepotismo no poder público, a mãe dele foi contratada para substituição do filho, e pasmem, para a mesma função, no mesmo gabinete e recebendo o mesmo salário, em torno de R$ 8 mil, e tudo isso pago pelos cofres públicos com a arrecadação de contribuintes nacionais. Por isso, o Maranhão, no conceito de seriedade política dos Estados brasileiros, amarga posição subjacente e é alvo de adjetivos jocosos por possuir políticos solertes que só querem tirar vantagem das benesses públicas.


Essas ervas daninhas precisam ser exorcizadas do cenário político. É necessário que a sociedade estudantil e demais cidadãos de bem do Maranhão rompam, por exemplo, com essa tendenciosa política oligárquica da família Sarney e demais séquitos mambembes, e passem a votar em pessoas sérias e sem laivos de corrupção.

A estagnação do Maranhão é a prova mais cabal da contínua ação política de grupos oportunistas e aproveitadores, que não se preocupam com os problemas sociais de miséria em que vive a maior parcela de seus habitantes. Sua população carente, em pleno século 21, continua sendo tratada com o chicote repressor do período da senzala, recebendo apenas migalhas de benefícios sociais. É evidente que, no Maranhão, existem políticos impolutos e dignos, e a esses deveriam se somar aqueles que pretendem um dia ver a terra de Gonçalves Dias libertada e a salvo dos predadores políticos de hoje.

Os senadores Epitácio Cafeteira, José Sarney e outros são exemplos negativos de comportamentos públicos. Causa perplexidade ver o chefe do clã maranhense, em titubeante tergiversação, tentando explicar à patuleia brasileira que não sabia..., que não havia indicado o seu "esperto" neto, estudante João Fernando, para "trabalhar" no gabinete do senador Cafeteira. E nós, pobres mortais, temos que engolir tudo isso ouvindo as explicações obscuras do “maribondo de fogo”. Lamentavelmente, esse é o retrato três por quatro e desbotado da imagem de um político brasileiro.

Recentemente, envergonhado, o ex-presidente da Coreia do Sul, Roh Moo Myun, suicidou-se por ver o seu nome envolvido em irregularidade. Aqui, os políticos trapaceiam e quando são descobertos ainda acham que são vítimas de perseguições.

sábado, 6 de junho de 2009

O cliente

No mundo dos negócios comerciais, e principalmente neste momento econômico de crise, existe um produto que deveria ser tratado com muito carinho, mas que muitas vezes não é dada a devida atenção. Em algumas grandes empresas, já se observa uma mudança de comportamento, mas, em outras, os procedimentos continuam os mesmos.Refiro-me à sua excelência o produto "cliente", a razão natural para a existência de uma empresa. Sem clientela não existirá atividade comercial. No mundo moderno competitivo em que vivemos, o comerciante ou o prestador de serviço que não tiver como objetivo a satisfação do cliente, estará fadado ao insucesso profissional e a encerrar sua atividade em pouco tempo. Hoje, não há mais lugar para charlatão, para enganador e para incompetente.O empresário, qualquer que seja o seu ramo de atividade, tem que se preocupar sempre com a satisfação do cliente, atendendo-o com profissionalismo e respeito, porque dele depende a continuação positiva de seus negócios comerciais. Quantas vezes somos mal atendidos em estabelecimentos comerciais por empregados e até mesmo pelos próprios proprietários, ou por prestadores de serviços? Esses profissionais deveriam saber que um negócio comercial sem clientes, ou com clientes mal atendidos e insatisfeitos, estará fadado em pouco tempo ao fracasso. Neste momento de crise, a seriedade do profissional do comércio em encontrar formas eficazes de vender o seu produto, focalizadas no cliente, será o que vai garantir a sua sobrevivência.Recentemente, foi realizada, em Santa Catarina, a 41ª Convenção Estadual do Comércio Lojista, onde foram abordados, entre outros temas, meios para contornar a crise e formas de aumentar a criatividade. Mas dentre os palestrantes cabe destacar a participação da jornalista e consultora de moda, Glória Kalil, que com foco no cliente assim se manifestou: "Não adianta definir o público alvo como mulher. É preciso saber qual o estilo se quer atingir. O dono da loja, gerente e atendentes precisam saber vender e dar informações."Fizemos essas considerações para chamar a atenção dos profissionais do comércio quanto ao respeito que deve merecer o cliente.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Os cupins políticos

O jornalista Públio José, em espirituoso artigo "Ataque das Traças", faz um paralelo satírico com nossos irreverentes políticos que desrespeitam a sociedade. E, nessa linha, vou tentar defender as traças de Públio José, pois elas não merecem ser comparadas aos nossos políticos.Coitadas das traças... Afinal, as traças não se escondem, elas corroem, mas dão as caras, se mostram. Os políticos, ao contrário, corroem veladamente com astúcia, sabem retalhar o bolo da imoralidade e tirar o seu pedaço sorrateiramente, e só se vai perceber disso depois que a imprensa denuncia as suas falcatruas. Político está mais pra cupim do que pra traça. A traça incomoda, mas a gente consegue até combatê-la, e o cupim? Cupim é como político, é osso duro de roer, inferniza os alicerces da cultura brasileira, tornando-os frágeis e flexíveis a qualquer vento de "mensalão", de "comissão" de obras públicas, de "desvios" do erário etc.Quanto mais a gente combate o cupim político, mais ele cresce, mais usa ardis e caminhos sinuosos, e sabe se esconder nos orifícios quase invisíveis da corrupção. Você pensa que ele é remediável quando é descoberto com a mão na botija, aí que mora o engano. Ele é altivo, imponente na arte de tirar vantagem. E encontra logo uma saída não-salomônica, sem critérios éticos e morais. Vejam a recente descoberta das cotas de viagens dos parlamentares, em que a farra com o dinheiro público fazia a festa de parentes e amigos em viagens nacionais e internacionais.Pensou-se, com a descoberta, que alguns indecorosos seriam punidos, para moralizar a patuscada do Congresso. Ledo engano. Fizeram como cupim. Quando olharam o veneno, se acalmaram e deixaram a madeira secar. Mas não durou muito. Assim como o cupim, voltaram devagarzinho para as suas posições de ataque. E vejam que os chefes do cupinzal, os presidentes da Câmara e do Senado, não puniram ninguém, passaram uma borracha mágica em tudo, e continuaram como cupim comendo a madeira, quer dizer, o nosso dinheiro, sem cortar as viagens internacionais.E vejam também, senhores, as estripulias mais recentes descobertas: os cupins, senadores José Sarney (PMDB-AP), o maior deles, João Pedro (PT-AM) e Gilberto Goellner (DEM-MT), foram flagrados na maior cara-de-pau recebendo auxílio-moradia, em Brasília, onde têm imóveis próprios ou apartamentos funcionais. Que vergonha! E ainda tiveram a pachorra de dizer que foi um erro administrativo do Senado, que lhes creditavam há muito tempo "dindin" sem os "inocentes" saberem. Merecemos! Quem manda a patuléia não saber votar em gente digna? Vamos fazer justiça e pedir desculpas às traças, pois elas ficaram ofendidas de serem comparadas aos políticos. Afinal, traça não é cupim.