quarta-feira, 13 de agosto de 2025

PARLAMENTARES OU PALHAÇOS?


Em tempos de polarização desenfreada, o Brasil se vê diante de um grupo de parlamentares que desonram o mandato popular e colocam em xeque o respeito às instituições. O Congresso Nacional, espaço sagrado da representação política, não pode se transformar em picadeiro de circo onde interesses pessoais se sobrepõem às necessidades da coletividade.

Parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro — como Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Kicis (PL-DF), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Eduardo Girão (Novo-CE), Damares Alves (PL-DF), Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PL-DF), Jaime Bagattoli (PL-RO), Rogério Marinho (PL-RN) entre outros — têm protagonizado ações que flertam com a insubordinação institucional. Narrativas mentirosas, obstruções legislativas e chantagens para pautar demandas personalistas enfraquecem não apenas o Legislativo, mas o próprio Estado Democrático de Direito.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por exemplo, rechaçou tentativas de negociação com essa ala extremista, afirmando com firmeza: “A presidência da Câmara é inegociável”. A retomada dos trabalhos legislativos, portanto, deve acontecer à luz da responsabilidade institucional — jamais da barganha entre interesses obscuros.

A democracia está em xeque. Não é de hoje que Jair Bolsonaro se posiciona como antagonista do ordenamento democrático. Seu histórico militar e político revela reiteradas atitudes de indisciplina, desprezo à hierarquia e flerte com o autoritarismo. A tentativa fracassada de perpetuar-se no poder, acompanhada de atos golpistas e desrespeito às medidas judiciais, escancara o risco que sua liderança representa às instituições republicanas.

Durante a pandemia, sua atuação desumana causou mortes evitáveis, enquanto ironizava as vítimas – não sou coveiro, é apenas uma gripezinha – e promovia medicamentos ineficazes. Em vez de liderar, Bolsonaro esquiava em Santa Catarina com sua patota, ignorando o sofrimento de milhares.

Para quem ainda o exalta como bastião da moralidade, vale lembrar os casos de rachadinhas, imóveis adquiridos com dinheiro vivo, joias não declaradas e salários generosos à família, pagos com recursos públicos.

Enquanto Bolsonaro chama Lula de “ladrão”, esquece-se que quem vive às custas do erário também deve explicações ao povo. Por exemplo, Bolsonaro e Michelle Bolsonaro recebem, sem escrúpulo, um montante salarial mensal de R$ 142 mil, pago com recursos públicos, incluindo verba do Fundo Partidário.

Defender o STF é defender a Constituição. As decisões do Supremo Tribunal Federal podem ser criticadas, sim, mas dentro dos limites legais e do respeito institucional. Não se pode aceitar que qualquer voto desfavorável a Bolsonaro ou a grupos políticos seja motivo para pedidos infundados de impeachment. Como afirmou o senador Ciro Nogueira, não há elemento jurídico nem clima político para essa aberração.

Não sou petista. Sou brasileiro. Não tenho vinculação político-partidária. Aos que confundem crítica a Bolsonaro com petismo, lembro que usar camisa, boné e bandeira com as cores e símbolos dos EUA não faz de ninguém mais patriota. Criticar abusos e exigir respeito às instituições é um ato de civismo.

Bolsonaro está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, não por acaso, mas por decisões baseadas em desrespeito às normas que todos nós devemos seguir. Seus próprios aliados — como seus filhos e parlamentares radicais — contribuíram diretamente para isso, seja por postagens irresponsáveis ou articulações internacionais que atentam contra a soberania nacional.

Veja a manifestação da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT): "Culpa por Bolsonaro estar de tornozeleira é desse moleque", disse ela aos jornalistas. Ela disse ainda que Eduardo Bolsonaro falou em "vários vídeos" que era o deputado que estava negociando a imposição das tarifas e que haveria taxação. "O que adianta mudar agora? Está gravado".

Ou se respeita o Brasil ou se renuncia ao mandato. O Congresso não pode ser escudo de interesses pessoais. Os parlamentares têm obrigação de exercer seus mandatos com dignidade — ou devem renunciar. Chega de molecagem, bravatas e narrativas fantasiosas.

O compromisso com a democracia exige que cada decisão reflita os anseios do povo e fortaleça as instituições.

Bolsonaro sempre desqualificou Lula como ex-presidiário. Mas o feitiço pode virar contra o feiticeiro.

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