sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Reclamações? Com Deus ou com o Diabo

Sou um privilegiado. Tenho um plano de saúde que me atende confortavelmente todas as vezes que preciso dele. Mas fico angustiado em saber que a maioria de nossos irmãos brasileiros não tem o "direito" sequer de poder ficar doente.Recentemente, ao dar prosseguimento à minha revisão de saúde, encontrava-me na sala de espera do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, uma instituição de escol, quando fui tomado por uma dor que pungia o meu coração e a minha alma. Naquele momento, eu olhava para a minha esposa e comentava: por que todas as pessoas não têm o mesmo direito de ser atendidas numa casa de saúde de qualidade? E ela lembrou-se do que lhe dissera, certa feita, uma idosa senhora de 90 anos, inteligente, bastante lúcida e atualizada: "Por que se gasta tanto com a infra-estrutura do Theatro São Pedro e com a criação do museu Iberê Camargo em vez de destinar esse dinheiro à construção e aparelhamento de mais um hospital público para atender, com dignidade, à população carente gaúcha?"Aquela velha e respeitável senhora, com a sua interrogativa, simplesmente deu uma lição de sensibilidade social e altruísmo ao reprovar a opção de valores que a sociedade perdulária e os governos irresponsáveis são capazes de fazer em detrimento de causas sociais mais nobres.Pois bem, no Brasil, a escravidão continua a existir, mascarada e fustigando as classes menos favorecidas. E ninguém tem dó. A velha burguesia, por sua vez, só pensa no glamour, e a classe política e governamental, idem e nas glórias do poder. E o povão, que não é assistido por um sistema público de saúde de qualidade, que se dane e vá reclamar a Deus, ou ao Diabo, porque é assim, infelizmente, que é tratado o brasileiro pobre.

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