Vereadora do município de Camboriú/SC, em carta aberta, fez indignada acusação acerca de corrupção e omissão do poder público local. Como se observa a corrupção na administração pública repica em todo o território nacional.
O seu desabafo, para ser mais transparente, deveria vir
acompanhado de nomeação das autoridades corruptas. Senão fica uma irrogação
"abstrata" e que não transmite credibilidade ao eleitor, ao contribuinte.
Parece-me que a vereadora passa por um momento de forte angústia
por não encontrar solidariedade para enfrentar os malfeitos e os vícios de
nossa política. Com efeito, o tecido político nacional é podre. A corrupção
política no Brasil é um caso de polícia. Ela é crônica e deriva do estado
patrimonialista deixado pela cultura portuguesa do Brasil Império, das
Capitanias Hereditárias, da cobrança dos dízimos sobre o uso das terras etc. Aqui,
tudo consiste na cobrança de altos impostos - sem contrapartida de serviços
públicos de qualidade – para bancar a orgia dos gastos públicos nos Três
Poderes da República, com repercussão federal, estadual e municipal.
Vejam o inchado e inoperante Congresso Nacional com 81 senadores e
513 deputados, nadando em mordomias mil e produzindo muito pouco. E assim são
os legislativos estaduais e municipais. Há municípios brasileiros com menos de
100 mil habitantes que tem vereadores demais. Proporcionalmente à renda municipal
e à população contributiva ganham muito para não fazer nada. É um verdadeiro
cabide de emprego público, como também é o legislativo estadual e federal.
No Brasil, quando o cidadão não tem competência para trabalhar na
iniciativa privada ou prestar um concurso público, ele opta pela forma mais
fácil de vencer na vida: vai ser político. E os exemplos estão aí: Lula,
Sarney, Dilma Rousseff, Renan Calheiros, Gleisi Hoffmann e aqui, em Balneário
Camboriú, Leonel Pavan, Edson Renato (Piriquito) etc.
O que acaba com o Brasil, além da corrupção, é o gasto astronômico
com os nossos políticos. Tem político demais. Gasto com político é um dinheiro
jogado fora, que se fosse empregado em educação, saúde, segurança pública,
saneamento básico, moradia etc., com certeza, teríamos um país extraordinariamente
forte e desenvolvido. Eu considero política no Brasil como sendo a arte de
tirar vantagem da coisa pública. Lênin assim se manifestou: “Onde termina a
política começa a trapaça”. E de trapaceiro político o país está cheio.
Não era para se ter um conceito tão deformado de política no
Brasil. Mas a nossa história política deteriorada não mente. Vejam a
manifestação do escritor e político brasileiro Rui Barbosa, durante a sua
militância política: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.
É bom que a vereadora sonhe com um Brasil melhor, porque a nossa
realidade é muito complexa. Infelizmente, não tivemos uma colonização inglesa,
como os EUA, a Nova Zelândia etc. A região Sul ainda teve o privilégio de
receber povos europeus – alemães italianos etc. – que deram um verniz melhor em
nossa cultura. Mas o Norte e Nordeste brasileiro, onde a miséria é enorme, não
tiveram a mesma sorte.
O Brasil pode melhorar? Sim. Mas não com a mentalidade atual de
nossos políticos, que só se preocupam com suas reeleições, com as vantagens dos
cargos que exercem, com o fisiologismo espúrio do toma lá, dá cá etc.
Entretanto, a única saída para o país
esta na educação. Enquanto não se tiver uma política voltada para investimento
substantivo em educação, não se vislumbrará nenhuma luz de esperança no fundo
do túnel.
O que se pode esperar de um país que - em vez de dar educação
pública de qualidade para todos, capacitando negros e brancos pobres,
índios etc. para que em igualdade de condição acessem por mérito os diversos
segmentos educacionais e profissionais - prefere fazer politicagem eleitoral
favorecendo a comunidade negra a ascender por cotas raciais às universidades e
empregos públicos? Ora, quando a meritocracia é tratada de forma política, o
país ruma na contramão das nações desenvolvidas.
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