segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Serviços públicos de baixa qualidade


A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo (22/11) – “Democracia e verdade fiscal” – faz considerações a respeito da atualidade mundial frente aos gastos públicos.

Quando a sociedade reclama que a alta carga tributária cobrada do todos não é retornada em serviços públicos de qualidade, a sociedade está expressando uma autêntica verdade do espectro da vida brasileira: educação de péssima qualidade, saúde pública vergonhosa, segurança pública claudicante, transportes urbanos deficientes, saneamento básico precário etc., etc.

Ora, o expressivo montante da arrecadação de impostos é desviado, sem fiscalização política, para cobrir, por exemplo, a despesa pública de Brasília, uma autêntica ilha da fantasia das orgias do dinheiro do contribuinte, sem controle, que beneficia os Três Poderes.

Quanto se gasta desnecessariamente para manter o inchado e inoperante Congresso Nacional do qual a senadora e o seu filho fazem parte? Quanto se despende com as mordomias e despesas dos parlamentares federais (servidores e assessores de gabinetes sem concurso (?); com a quantidade de funções comissionadas nos órgãos públicos federais (?); com o dinheiro mal-empregado em obras públicas (faraônicas) pelo país e inacabadas...?

A senadora Kátia Abreu pertence a uma elite privilegiada do agronegócio, que deveria exercer  o Parlamento de forma gratuita, porque não precisa desse salário para viver, como uma contribuição de seu serviço à nação. Aliás, como o exercício político não é profissão, dever-se-ia acabar com a remuneração salarial política no Brasil, pois os parlamentares já recebem várias ajudas de custo.

Assim, nem a senadora e nem a sua família, porque são abonadas, sentem na pele os efeitos do péssimo serviço público, disponibilizado à sociedade. A senadora Kátia Abreu, por exemplo, dispõe para si e família, de forma gratuita e perene, dos serviços médicos e hospitalares do Senado Federal, e acha tudo isso normal e moral. Por isso, manifesta-se, em seu artigo, sem nenhum escrúpulo: “Aqui, a sociedade está sempre e cada vez mais achando que os serviços públicos que o Estado lhes presta são poucos e de baixa qualidade. Seria preciso gastar mais com saúde, educação, segurança, infraestrutura, combate às desigualdades. Como isso será possível? Vamos aumentar os já altos impostos ou elevar a dívida pública, que nos custa mais de 5% do PIB?”

Causa estupefação a qualquer brasileiro, de mediana cultura, a declaração acima, e logo vinda de uma senadora da República, que parece estar mais afinada com as ideologias do governo federal ao desconhecer, de forma proposital, a realidade nacional de desrespeito social.

Recentemente, estive no Canadá e pude verificar que, não obstante o valor do imposto cobrado dos cidadãos canadenses seja alto, lá tudo funciona bem e sem reclamação da sociedade: educação, saúde, segurança, infraestrutura, saneamento básico etc.

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