sexta-feira, 25 de maio de 2018

Diga não à reeleição política

Um dos braços da corrupção é a reeleição política. A reeleição política e o voto obrigatório são dois institutos da política que têm causado muito mal ao país. A reeleição é a consagração da mesmice que não consegue apresentar propostas positivas para serem aprovadas em um mandato.

A reeleição significa para muitos a continuação do cabide de emprego político bem remunerado e para outros abonados, a glória de participar das luzes da ribalta do poder.

A política precisa de constante renovação, de oxigênio novo. Política não é profissão como muitos oportunistas e vivaldinos pensam. Ninguém é insubstituível na vida ou na política, senão Deus, que no dizer de Rui Barbosa é a chave inevitável do Universo.

Muitos políticos que se consideravam insubstituíveis, hoje jazem nos cemitérios sem que a política ou a sociedade tenham sentido as suas faltas. Ademais, país nenhum parou pela perda de seus políticos.

Em época ou proximidade de eleições, é comum ouvir-se de candidatos a velha tática de convencimento de que em democracia a única maneira de promover mudanças é através do voto e que será um enorme desserviço anular ou se abster de exercer esse direito.

É compreensível a busca do candidato pelo voto. Mas é um direito do cidadão, que não acredita mais na classe política, por óbvias razões, de não votar em ninguém, anulando o seu voto. E nem por isso esse cidadão, que paga imposto para cobrir a despesa do inchado e inoperante Congresso Nacional, estará impedido de criticar os malfeitos de qualquer político, quando necessário.

A Constituição brasileira, elaborado por políticos espertos, cometeu o grande equívoco democrático ao considerar o voto uma obrigação de todos. A Constituição já nasceu ao sabor do interesse do político solerte de se eternizar no poder. Ora, democracia não combina com o autoritarismo da obrigação de votar, pois isso é próprio da natureza de regimes antidemocráticos. Portanto, em democracia o voto deveria ser facultativo.

No Brasil, o voto obrigatório tem se constituído justamente no vetor principal e responsável pela eleição e reeleição de Parlamento e Governos fracos, formados por muitos elementos de condutas não ilibadas e sem preparo adequado para o exercício de mandatos. E a quantidade de políticos encalacrados na Justiça, cassados e condenados é a prova irrefutável de nossa observação. E a culpa é do incauto e semianalfabeto eleitor, que se deixa levar pela ideia do voto obrigatório e escolhe qualquer candidato de boca de urna ou que lhe tenha prometido alguma ajuda. E os Tiriricas da vida estão aí para confirmar.

Se quisermos mudar a política do ambiente de acordos espúrios, de compadrios, de fisiologismo e de mandatos quase vitalícios, é necessário que o eleitor aprenda a escolher melhor os candidatos, a não reeleger ninguém e a não recambiar para o cenário político elementos que já cumpriram mandatos no Parlamento ou no Executivo.

Como se pode continuar a acreditar nos políticos brasileiros se eles dão mostras evidentes de que vão para o Parlamento ou para o Governo, não para trabalhar pela nação, mas sim imbuídos, lamentavelmente, de tirar vantagem da coisa pública? Muitos parlamentares se aposentam(até precocemente) pelo Legislativo Federal, levando consigo polpudas prebendas; outros, como os senadores, ex-senadores e familiares consideram tudo “legal” e não questionam a imoralidade de desfrutar do Plano de Saúde gratuito e vitalício do Senado Federal, uma indecência custeada por cada contribuinte nacional, que afronta os Artigos 5º e 37 da Constituição Federal; e sem esquecer também daqueles ex-governadores e pensionistas que mamam nas tetas do Tesouro Estadual subsídios vitalícios por terem exercidos mandatos de governador.

De acordo com a senadora Ana Amélia (PP-RS), as soluções para os problemas do Brasil passam pela política. De fato, as soluções, infelizmente, passam pela política por ser este o caminho constitucional estabelecido. Mas os resultados têm sido catastróficos diante de um quadro político em que, segundo o Congressoemfoco, mais da metade do Senado e um em cada três deputados federais estão enredados na Justiça.

Enquanto não for feita uma ampla reforma política, não a fabricada dentro dos gabinetes ao sabor dos interesses partidários e políticos, para mudar o nosso ultrapassado sistema, por exemplo, do voto obrigatório e da reeleição, e introduzir a candidatura avulsa sem vinculação partidária e o voto distrital puro, as sucessivas eleições não produzirão o efeito desejado. E, dessa forma, continuarão sendo eleitos e reeleitos elementos inescrupulosos mais interessados no cabide de emprego, nas luzes da ribalta do poder e em defender interesses pessoais e de grupos que representam.

Portanto, quando vejo a reeleição de um político, eu enxergo o país cada vez mais em retrocesso, ou seja, a mesmice sendo reeleita para não fazer nada.

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