A recente prisão de um pastor em Canoas-RS, acusado de abusar de uma jovem quando ela tinha apenas 12 anos, reacende um debate necessário: até que ponto devemos confiar irrestritamente em figuras religiosas? Casos como esse não são isolados. Padres, pastores e outros líderes espirituais, que se apresentam como representantes de Deus na Terra, muitas vezes se revelam transgressores da própria moral que pregam.
A fé, quando direcionada a figuras humanas, torna-se vulnerável à decepção. Acreditar em Deus, como entidade superior e criadora do Universo, é uma escolha espiritual legítima. Mas é preciso compreender que Deus não realiza milagres nem intervém diretamente nos acontecimentos terrenos. Cada ser tem sua missão, e todos, inevitavelmente, sucumbirão um dia. Nenhum santo, pastor ou padre pode proteger alguém do destino inevitável da vida.
A existência humana está profundamente ligada aos comportamentos individuais. Nem Deus, nem Jesus, nem santo algum impedirão que tragédias ocorram. Acreditar cegamente nas narrativas bíblicas como verdades absolutas é ignorar que elas são registros milenares, moldados por crenças e interpretações de épocas passadas.
Além disso, há um paradoxo gritante entre o discurso e a prática de muitos líderes religiosos. Pregam humildade, desapego aos bens materiais e simplicidade — exaltando Jesus como um homem de vestes modestas e pés descalços — enquanto pastores e padres vivem cercados de bens materiais. Igrejas evangélicas movimentam bilhões de reais, como a instituição liderada por Edir Macedo. A Igreja Católica, por sua vez, ostenta riquezas monumentais em Roma, contrastando com os valores que proclama.
A fé deve ser livre, consciente e crítica. Não se trata de abandoná-la, mas saber distinguir intermediários que se aproveitam da devoção alheia para exercer poder e acumular riqueza.
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