quarta-feira, 30 de abril de 2008

Falta espírito empreendedor ao ensino

Falta espírito empreendedor ao ensino brasileiro. Novas técnicas para absorver o interesse do aluno; conteúdos curriculares mais leves e associados à vida cotidiana de cada um no mundo globalizado; enxugamento de penduricalhos programáticos antigos que nada contribuem para o mercado de trabalho. Temos que sair da velha escola de ensino teórico para a escola objetiva e construtiva. Não cabe mais ao aluno concluir o Ensino Básico e não ter condição de enfrentar o mercado de trabalho. Indubitavelmente, o ensino brasileiro está muito defasado de objetividade. Perde-se muito tempo com regras cansativas de Português e Matemática, conhecimentos excessivos de conteúdos de Geografia, História, Ciências etc. e não se prepara o indivíduo para vida diária, para o trabalho, para o empreendedorismo. Temos um Ensino Básico de péssima qualidade e muitos abandonam as salas de aula após completar a 5ª série do Ensino Fundamental. Embora se observe a universalização do ensino na faixa de 7 a 14 anos, com mais de 97% de crianças brasileiras com acesso à educação fundamental, o Brasil ainda conta com índice de repetência de 32% na primeira série, superior ao Paraguai (14%) e Indonésia (11%). Em países desenvolvidos, apenas 3% repetem. Por outro lado, principalmente o Ensino Fundamental, há muito carece de uma reforma curricular, para tornar o ensino mais atraente, objetivo e evitar a evasão de alunos das classes mais pobres, desestimulados pelas razões as mais diversas. Para que tanta literatura multidisciplinar, ou seja, informações excessivas sobre, por exemplo, Ciências, Geografia, História etc., cujas obras didáticas são uma profusão nas livrarias e só servem para desgastar o interesse do aluno e engordar o bolso de seus autores? Não sou contra a informação científica ou de conhecimentos gerais no curso básico. Mas essas informações deveriam ser reduzidas em determinadas matérias, para melhorar o interesse do aluno em sala de aula e proporcionar mais tempo para o estudo de cadeiras como Português e Matemática. O ensino da língua portuguesa, por exemplo, deveria ser ministrado com mais objetividade, menos decoreba de regras gramaticais, mais leitura, mais interpretação de textos. Segundo pesquisa recente da Confederação dos Trabalhadores em Educação (CNTE) 60% dos professores não têm hábito da leitura. Isso é muito grave. A Matemática há muito tempo é o pavor dos estudantes brasileiros, porque não se ensina de forma objetiva, simples, lógica e atual. E a Matemática dada na escola não tem nada a ver com a vida das pessoas. Perde-se muito tempo com teorias, cálculos e operações complexas, que não vão ser empregadas no cotidiano de ninguém. A maioria dos alunos que passam pelo Ensino Básico não sabem matemática financeira elementar. Inclusive universitários. No entanto, na vida diária e moderna, é principalmente com a matemática financeira (juros, desconto, percentagem, divisão proporcional etc.) que o indivíduo vai se deparar. Não podemos deixar de registrar que, além da necessidade de reformulação da metodologia de ensino no Brasil, é preciso melhorar a infra-estrutura das escolas, a qualificação dos professores e a sua remuneração, tão defasada em relação a outras categorias salariais. O que está faltando no ensino brasileiro é o espírito empreendedor, de preparar o indivíduo para o novo, para a vida e para o trabalho. Julio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado

Nenhum comentário: