terça-feira, 8 de julho de 2008

Mandato político

Por que o poder inebria o ego dos políticos? Talvez Freud explicasse melhor. Mas as glórias do poder revelam a trapaça que se esconde nos políticos para sempre querem tirar vantagens.É sabido que os interesses pessoais políticos falam mais alto quando está em jogo a ambição pelo poder. E em busca de outros objetivos, que não são os de natureza essencialmente sociais, o mau político costuma ferir os princípios éticos e morais de respeito para com o eleitor ao relegar o mandato para o qual foi eleito, optando por exercer novas funções burocráticas públicas, ou candidatando-se a outros pleitos. Com todo o respeito, isso se chama trapaça política, respaldada em nossa Constituição Federal mal-elaborada.É preciso que o político brasileiro tenha mais responsabilidade pública e consciência de seu dever ético e moral com o voto que recebeu. Pois no momento em que interrompe o mandato por motivos pessoais de aspirações políticas, deveria lembrar-se de que assumiu nas urnas um compromisso, expresso no voto, de bem representar os interesses sociais no Parlamento até o último dia de mandato, sob pena de não o fazendo estar cometendo uma traição sob a forma de estelionato eleitoral, ou seja, é como se estivesse passado um cheque sem fundo ao eleitor. Então, essa forma sinuosa de enganar o eleitor para tirar proveito da política tem que mudar. E cabe a nós, enquanto não vier uma reforma política séria, cassar nas urnas todos aqueles candidatos ambiciosos não cumpridores de seus mandatos e que fazem da política profissão e cabide de emprego. A mais pura verdade é que aqueles que se lançam à vida política não têm como propósito inicial trabalhar pela realização do bem comum social, mas experimentar o poder e usufruir as suas vantagens por muito tempo. E poucos são aqueles que abandonam cedo a "aspereza" compensatória das benesses públicas. Ao contrário, desempenham os seus mandatos sempre com os olhos voltados para as suas reeleições ou a vôos mais altos. O mandato político não deveria ser transformado em profissão. Aqui reside um dos focos pecaminosos que justificam a necessidade da tão decantada reforma política.Infelizmente, as conveniências políticas entristecem o País. A política deveria ser tratada com mais seriedade. Vejam: 83 parlamentares federais (79 deputados e 4 senadores) são candidatos a prefeituras municipais pelo Brasil nas eleições de 05 de outubro deste ano. É uma vergonha a falta de consciência moral política de nossos representantes para com o eleitor brasileiro, que tem o seu voto desrespeitado pela interrupção de mandato.
Julio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado

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