sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Aumento salarial

Recentemente, o presidente da República, do alto de sua esperteza política fanfarronesca, para fazer média com os trabalhadores, recomendou que a hora para reivindicar aumentos salariais é quando as empresas estão ganhando dinheiro.
Talvez os lampejos de euforia de seu governo pelo bom momento que atravessa a economia nacional tenham levado o presidente a ter uma recaída das épocas de sindicalista, em que ele costumava bravatear os empresários a conceder reajustes salariais.Por outro lado, não deixa de ser também uma lembrança aos empresários de não se esquecer de repartir um pouco com os seus empregados os lucros obtidos. Mas o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que ganha "muito pouco" dos cofres públicos, parece que não entendeu bem a mensagem dirigida aos trabalhadores do setor privado e foi bater às portas do Senado Federal, levando em mãos um pedido de aumento para os servidores do Judiciário. Nada contra a defesa de sua patota. O revoltante é ver a predisposição do ministro Gilmar Mendes em querer fazer justiça salarial à sua privilegiada casta trabalhista! E os demais mortais trabalhadores como ficam? Quem os defende?Quando se espera do Judiciário a defesa intransigente da aplicação de índice uniforme de reajuste salarial para todos os segmentos públicos e com vigência na mesma data, isso não acontece. Mas o presidente da alta Corte, de forma surpreendente, mostra a força que tem a corporação pública que representa - e, diga-se de passagem, muito bem remunerada -, e toma, sem nenhum constrangimento, a decisão de ir pessoalmente levar ao Congresso pedido de aumento salarial de sua categoria.Para defender os seus interesses, o Judiciário é pródigo, habilidoso e leal. Mas para dar atenção às injustiças salariais cometidas contra as demais categorias, o órgão não move um dedo sequer para o equilíbrio da balança. É assim que funciona, infelizmente, o nosso "imparcial’ Judiciário".Privilegiado com altos salários - um ministro do STF ganha a exorbitância pública de R$ 24,5 mil, um verdadeiro escárnio a um País de milhões de miseráveis e desempregados cidadãos -, o nosso Judiciário está longe de ser um órgão preocupado com a aplicação lato senso de justiça.

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