quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Deus, salve o Senado Federal!

O corporativismo político é uma praga que só poderá ser combatida com eficácia quando forem introduzidos, no sistema parlamentar brasileiro, princípios de democracia de direta e semidireta. Enquanto constitucionalmente e com um novo modelo político não for conferido ao povo poder para fiscalizar e punir diretamente os desmandos de nossos parlamentares, situações absurdas e imorais, como o ato da Mesa Diretora do Senado que em surdina, na última reunião do ano passado (17/12/2009), autorizou excepcionalmente que os senadores pudessem usar ao longo de 2010 os créditos de passagens aéreas não utilizadas em 2009, continuarão a macular a imagem desgastada do Senado Federal.
A decisão arbitrária da Mesa Diretora do Senado contraria regra aprovada em abril do ano passado pela própria Casa, que não permitia o acúmulo de verbas de passagens de um exercício financeiro para outro. Mas tudo isso, senhores, é a prova provada do viciado sistema corrupto político brasileiro. Só querem tirar vantagem à custa do dinheiro farto, proporcionado por nossos impostos que vão alimentar esses espertalhões. E vejam também que o expediente especioso da Mesa Diretora teve como objetivo beneficiar 54 dos 81 senadores que estarão viajando em campanha política visando as suas reeleições. É maracutaia pura!A justificativa do 1º secretário, senador Heráclito Forte (DEM-PI), é de uma ingenuidade proposital para calar cegos, surdos e mudos: "Se não apresentássemos aprovado esse ato, as companhias aéreas é que se beneficiariam dos créditos não usados pelos senadores. Isso porque antes da regulamentação do uso das passagens, a maioria dos senadores costumava repassar seus créditos direto para as companhias, abrindo uma espécie de conta corrente e usando de acordo com sua necessidade. A medida foi de arrocho e não afrouxamento, ponderou o senador".As justificativas do senador Heráclito Fortes, com todo o respeito, são de um primarismo abismal e não condizente com o saber que se espera de um membro do estamento nacional. Não precisa o senador se expor tanto para vir defender a sua casta de aproveitadores. Mas nem todos pensam assim. Leiam, senhores, o que disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado: "As companhias aéreas jamais ficariam com esses créditos. O que não foi usado seria devolvido aos cofres públicos. O Senado só paga o que é utilizado. Não havia qualquer razão para a aprovação desse ato. Isso só ajuda a desgastar a imagem da Casa. A sorte é que o restante das regras para a utilização das passagens continua em vigor e o crédito só poderá ser usado pelos parlamentares, observou Demóstenes".É para isso que serve o Senado? Para abiscoitar vantagens imorais e decididas por também imorais senadores? Depois não querem que se contestem os atos do Senado. O Senado, com todo o respeito, está um caso de polícia. E como diz o sábio refrão popular, cantado por Bezerra da Silva, guardadas as devidas proporções, no Senado, "se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão".Aqui está a relação da Mesa Diretora do Senado, para os senhores conhecerem os senadores oportunistas que trabalham na contramão da moralidade pública. E, por favor, não reelejam nenhum senador ou outro político qualquer. A renovação política é necessária, e candidatos com fichas limpas são requisitos indispensáveis para a depuração do Parlamento brasileiro.MESA DIRETORA DO SENADO: José Sarney (PMDB-AP), Marconi Perillo (PSDB-GO), Heráclito Fortes (DEM-PI), Cesar Borges (PR-BA), Serys Slhessarenko (PT-MT), João Claudino (PTB-PI), Adelino Santana (DEM-DF), Mão Santa (PSC-PI), Cícero Lucena (PSDB-PB), Patrícia Saboya (PDT-CE) e Gerson Camata (PMDB-ES).

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