segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A estupidez em dose vertical

Responsabilidade ou irresponsabilidade daqueles que estão desfigurando e transformando Balneário Camboriú em uma cidade compactada ao gosto do empresariado da construção civil, que está mais interessado nos lucros de suas operações?
Hoje, constatamos que a cidade tenta se adequar à frenética ebulição de seu aumento populacional – mais transitório que fixo -, demolindo morros, abrindo novas ruas, invertendo a direção do fluxo de veículos etc., e tudo isso para atender ao conceito de cidades cosmopolitas.
Do ponto de vista de desenvolvimento equilibrado, Balneário Camboriú não deveria perder a sua vocação de cidade voltada para a exploração de suas belezas naturais, bem como o seu lado lúdico de bares, restaurantes, casas noturnas de divertimentos etc. Balneário deveria se preocupar apenas com investimento direcionado à área turística, e não ceder espaço à exploração comercial desmedida da construção civil, cujo objetivo único é a obtenção do lucro irracional em detrimento da desfiguração da cidade.
É verdade que a construção civil tem impulsionado a economia da cidade. Mas também é verdade que o empresariado da construção civil não demonstra muita preocupação com a degradação, aérea e terrestre, do meio ambiente.
Se o efeito do aquecimento imobiliário, com a venda de imóveis, traz divisas ao município, por outro lado o inchamento populacional da cidade traz também problemas crônicos à estrutura municipal que não está preparada para enfrentar uma demanda de serviços públicos básicos à população. Se quisermos manter a estabilidade de um bom padrão de vida da cidade, não deveríamos incidir nos mesmos erros, por exemplo, da vizinha capital Florianópolis, que se depara, hoje, com graves problemas de ordem social etc.
Balneário Camboriú deveria obedecer a um padrão imobiliário, cuja construção vertical não ultrapassasse a doze andares. Lamentavelmente, os nossos dirigentes políticos municipais são lenientes com a especulação da construção civil ao permitir que a cidade seja engolida, cada vez mais, pela fúria insaciável dos construtores de espigões, que estão descaracterizando a cidade em nome de um falso progresso, e deixando as ruas da cidade precocemente escuras, antes do final do dia, por causa dos monstrengos verticais que constroem. Ademais, ninguém vem ao Balneário para ver o artificialismo urbanístico de verticalidade da cidade, mas para desfrutar de sua beleza natural e outros divertimentos.
É plausível que o empresariado da construção civil diga que impulsiona a economia local e que proporciona quatro mil empregos diretos. Só que ele está desfigurando a cidade de forma implacável, e está mais preocupado com a fatura de lucro do que com o total de trabalhadores empregados.
Que as cidades brasileiras não se transformem em canteiros de obras especulativos de interesses comerciais da construção civil, desrespeitando o meio ambiente!

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