BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta segunda-feira (31) que o governo adote imediatamente "todas as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir as rodovias ocupadas por bolsonaristas em protesto pelo resultado das eleições.
Em
caso de descumprimento, ele determina multa e até afastamento e prisão em
flagrante do diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei
Vasques, por crime de desobediência, além de uma multa de R$ 100 mil por hora a
partir da meia-noite desta terça (1º).
Segundo
o ministro, tem havido "omissão e inércia" da PRF na desobstrução das
vias. Moraes determina ainda que a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias
Militares estaduais identifiquem eventuais caminhões utilizados nos bloqueios e
informe quais são à Justiça, para que seja aplicada multa de R$ 100 mil por
hora aos proprietários.
As
providências para desobstrução devem incluir a atuação de homens da Força
Nacional e das Polícias Militares, além da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O
pedido ao Supremo foi feito pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes).
A
confederação pediu para que o STF autorizasse o governo a adotar as mesmas
medidas contra a greve dos caminhoneiros de 2018. Na ocasião, o pedido foi
feito pelo governo Michel Temer (MDB).
Mais
cedo, a CNT afirmou em nota que é contra "esse tipo de intervenção"
em rodovias, e que respeita o direito de manifestação de todo cidadão, desde
que ele não prejudique o direito de ir e vir das pessoas.
"Além
de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de
pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de
produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e
combustíveis."
Na
decisão desta segunda, Moraes afirma que as vias devem ser desobstruídas
"com o resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos
pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do
movimento".
Também
devem ser impedidos, "inclusive nos acostamentos, a ocupação, a obstrução
ou a imposição de dificuldade à passagem de veículos em quaisquer trechos das
rodovias", com "garantia de total trafegabilidade".
Ao
justificar a determinação, o ministro afirma que o quadro atual "revela
com nitidez um cenário em que o abuso e desvirtuamento ilícito e criminoso no
exercício do direito constitucional de reunião vem acarretando efeito
desproporcional e intolerável sobre todo o restante da sociedade".
Moraes
cita, então, a dificuldade de funcionamento das cadeias de distribuição de
produtos e serviços devido aos bloqueios, "para a manutenção dos aspectos
mais essenciais e básicos da vida social".
"Em
que pese o exercício do poder de polícia ser da competência de vários dos
órgãos públicos envolvidos, como as Polícias Rodoviária Federal e Polícias
Militares, o que lhe permitiria o emprego do desforço necessário para a livre
circulação de bens e pessoas é também inegável (...) que a PRF não vem
realizando sua tarefa constitucional e legal", acrescentou.
A
presidente do STF, ministra Rosa Weber, marcou uma sessão do plenário virtual
da corte para referendo da decisão de Moraes nesta terça-feira (1⁰).
Até o fim do dia, os 11 ministros decidirão
se mantêm ou derrubam a determinação.
Desde
a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiadores de
Jair Bolsonaro (PL), incluindo caminhoneiros, fazem bloqueios ou aglomerações
em vias de estados e do Distrito Federal, segundo a PRF. Os manifestantes pedem
um golpe.
A
PRF registrou nesta segunda, até final da noite, 321 pontos de bloqueios ou
aglomerações em vias de 25 estados e no Distrito Federal.
Por
precaução, a Polícia Militar do Distrito Federal bloqueou parte da Esplanada
dos Ministérios, em Brasília. A região compreende a Praça dos Três Poderes,
onde fica o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.
A
PRF, no entanto, não agiu sobre os bloqueios. Em um vídeo ao qual a Folha de
S.Paulo teve acesso, agentes da PRF dizem que a ordem é só permanecer no local.
"A única coisa que eu tenho a dizer nesse momento é que a única ordem que
nós temos é estar aqui com vocês, só isso", disse um policial que
acompanhava um bloqueio em Palhoça (SC).
Em
um outro vídeo, um policial em Rio do Sul (SC) disse que estaria ali para
monitorar a manifestação, mas não emitiria nenhuma multa. "Outro
compromisso que eu faço com vocês aqui, nenhum veículo que está aqui na
manifestação será alvo de qualquer notificação. Eu não vou fazer multa
nenhuma", disse o policial, sendo aplaudido em seguida.
BREVES CONSIDERAÇÕES
As paralisações criminosas de caminhoneiros no país é a demonstração bolsonarista antidemocrática de não aceitar o resultado das urnas.
Está correto o ministro STF ao decretar os desbloqueios e respectivas sanções em caso de desobediência.
O direito de manifestação pacífica é consagrada aos povos de países democráticos e não se pode contestar, mas quando as ações extrapolam e ferem o direito de ir e vir de quem quer que seja, invadindo a área da anarquia, da antidemocracia e inviabilizando o dia a dia do país, aí o império da lei deve ser acionado e os responsáveis criminosos devidamente punidos. Anarquia não pode ser confundida com democracia.
Independentemente de ser Lula o vitorioso, a democracia deve ser respeitada. E a derrota não pode servir de pretexto para movimentos antidemocráticos.
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