Toda a performance, digamos assim, do Lula nos primeiros anos de
governo, reitero, deveu-se ao Plano Real, o qual lhe permitiu incialmente fazer
um bom governo, cumprindo em parte a famosa Carta ao Povo Brasileiro, com
exceção das reformas estruturais. Lula perdeu, entretanto, a oportunidade de
fazer investimento na produção de riquezas.
Não esquecer: Lula extasiou-se com a pujança da Petrobras e quase
chegou a declarar que ele era o seu criador. Só que a companheirada petista,
fincada na direção da empresa, bordava e salteava a Petrobras sem conhecimento
da nação, e só agora o caso Pasadena foi denunciado ao país.
Por outro lado, o governo de Dilma Rousseff está perdido na
escuridão de sua teimosia. Para simular pujança, agradar empresários e a
incauta plebe eleitoral, assalariada de renda baixa, o governo abriu mão do controle
da inflação e partiu para derramar dinheiro na economia, incentivando a
patuleia a gastar. Hoje, a Caixa tem expandido a sua carteira em 40% ao ano e o
BNDES em 20%.
Muitos confundem dinheiro com riqueza e acabam defendendo a ilusão
de que o governo pode aumentar a riqueza real expandindo a circulação de
dinheiro e crédito. Se isso tivesse lógica, bastando imprimir moeda, o Zimbábue
e a Venezuela seriam países de Primeiro Mundo.
Um país que não se importou com a sua meta de inflação,
paulatinamente começa a ser devorado por esse dragão. Veja, a meta de inflação
de 4.5%, elevada para padrões internacionais, é ignorada há anos. O governo
alega que mantém a inflação dentro do limite de 6,5%, mas ignora que a banda
existe para casos esporádicos.
O governo Lula beneficiou-se do ciclo de reformas institucionais
lideradas por FHC, que resultaram no aumento da produtividade, ou seja, no
potencial crescimento da economia. A produtividade explica 88% da diferença de
expansão do PIB nos dois períodos (1995-2002 e 2003-2010), da ordem de 2,3% e
4,1%, respectivamente.
As reformas de FHC são robustas: Plano Real; privatização das
telecomunicações e de rodovias; eliminação de restrições ao capital privado
(nacional e estrangeiro), inclusive petróleo; câmbio flutuante; metas para a
inflação; modernização de normas cambiais; reestruturação de dívidas estaduais
e municipais; Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); e maior abertura da
economia, para citar as principais. Tudo isso levaria tempo para frutificar.
E o PT foi contra a maioria dessas reformas. Duvidou do Plano
Real, mobilizou multidões contra a privatização da Telebras, questionou a LRF
no Judiciário e tachou de neoliberais os avanços institucionais.
Comparativamente, os avanços proclamados pelo PT são tímidos
confrontados com o governo FHC. Muito embora o governo petista não reconheça ou
finja não reconhecer, dificilmente o PT teria condição de governar o país
através de sua “cartilha de projeto de governo” se não tivesse recebido o
Brasil com as bases de sua economia restauradas, cujos frutos foram sendo
colhidos posteriormente. Assim, os decantados “avanços” do governo petista são
decorrentes das bases sólidas recebidas do governo Itamar Franco/FHC. Ademais,
o governo do PT foi eleito para fazer alguma coisa e fez pouco.
Em 2002, antes da posse de Lula, a inflação havia sido de 12,5%.
Para recordar, a inflação foi de 135% ao ano com Figueiredo, 586% com Sarney,
735% com Collor e 1.519% com Itamar. Justiça seja feita, foi no governo Itamar
Franco que a hiperinflação acabou. O IPCA subiu 757% no primeiro semestre de
1994 e apenas 19% no segundo, época em que FHC era ministro.
Lula recebeu uma inflação de 12,5% sem ter como preocupação
objetiva derrotar a inflação. Muito diferente de governo Itamar/FHC, Lula
recebeu um país com as bases fundamentais para crescimento econômico de longo
prazo. Se o governo Dilma/Lula/PT não aproveitou as bases sólidas da economia
brasileira para crescer foi por pura incompetência.
A senadora Gleisi Hoffmann desfila de vestal inquebrantável. Mas
ela deveria explicar ao eleitor paranaense acerca de sua “demissão” de Itaipu
Binacional quando levou o FGTS. E por fim, ela sempre mamou no emprego público:
por que até hoje não passou em um concurso público? Se passou, qual foi?
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