Do
editorial do Estadão:
Se a
Nação padece dos severos efeitos da pandemia além do que seria naturalmente
esperado, é porque o governo do presidente Jair Bolsonaro foi incompetente para
lidar com a crise ou pautou suas decisões por critérios antirrepublicanos. Não
há outra conclusão a que se possa chegar após a leitura de um relatório do
Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a gestão da emergência sanitária pelo
governo federal.
O
foco inicial da fiscalização do TCU eram as compras feitas pelo Poder Executivo
durante o estado de calamidade pública. No entanto, “dificuldades e
preocupações” concernentes à gestão da crise como um todo levaram o ministro
Benjamin Zymler, relator do processo na Corte de Contas, a expandir o escopo de
análise com o objetivo de “sugerir” ao Ministério da Saúde (MS) alguns
“apontamentos para correção de rumos”, a começar pela atuação do Comitê de
Operações de Emergência em Saúde Pública (COE).
Para
o ministro Zymler, uma das principais unidades da estrutura de governança do MS
para o enfrentamento da pandemia, se não a principal, “parece não estar
exercendo o papel de articulação e coordenação (que lhe cabe) na prática”. O
ministro foi elegante na crítica.
O
TCU também destacou o “enfraquecimento da função de comunicação” do governo com
a sociedade pelo fim das coletivas de imprensa diárias, o que configura uma
violação do Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Novo
Coronavírus.
Sem
o norte dado pelo poder central, tanto a sociedade como os governos locais
ficam mais suscetíveis à inconsistência de informações sobre políticas
públicas, o que, em se tratando de uma crise de saúde, é muito grave.(…)
Desafortunadamente,
o País é presidido por alguém inepto como Jair Bolsonaro no momento em que
enfrenta a mais mortal crise sanitária em mais de um século. Uma tragédia
dentro da tragédia.
Nunca
se saberá ao certo qual seria a história da pandemia de covid-19 no Brasil caso
o presidente fosse outro, alguém minimamente cioso de suas responsabilidades,
empático e capaz de inspirar e liderar seus concidadãos nesta hora grave.
À
Nação só resta refletir, amadurecer e evoluir no processo de escolha de seus
líderes. É este o curso natural da democracia.
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