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Novo chefe do Exército defendeu ‘respeitar o resultado da urna’ em discurso a tropas
O comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, afirmou que o resultado das urnas deve ser respeitado. É a primeira manifestação pública de um comandante militar desde os ataques à sede dos três Poderes, em Brasília, no dia 8. “Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”.
Um dos três mais antigos oficiais generais do Alto Comando do Exército (ACE), Tomás, como é conhecido, foi um dos comandantes que se opuseram a qualquer tentativa de virada de mesa após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial. Por isso, tornou-se alvo, ao lado de outros integrantes do ACE, de uma campanha difamatória de bolsonaristas.
Na quarta-feira, dia 18 de janeiro, no quartel-general do Comando
Militar do Sudeste (CMSE), com a tropa formada, o general discursou
durante cerca de dez minutos. Na ocasião, ele lembrava os militares mortos na
missão de paz das Nações Unidas no Haiti, onde o Brasil permaneceu de 2004 a
2017. Dezoito militares morreram no terremoto de 12 de janeiro de 2010, que
destruiu parte do país caribenho em 2010. Quando coronel, Tomás comandou um
batalhão no Haiti.
No meio do discurso, o general passou a tratar de outro “terremoto”, que
atingiu recentemente o País. “Nós últimos dias, nós estamos vivendo um outro
tipo de terremoto no País: um terromoto político, que não causou mortes” Esse
terremoto, segundo ele, é movido pelo ambiente virtual, que não tem freio.
“Todo nós somos hoje hiperinfomados. Para excesso de informação só tem um
remédio: mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes
fidedignas.”
De acordo com ele, essa violência, “essa intolerância tem nos atacado”.
“Esse terremoto não está matando gente, mas está tentando matar a nossa coesão,
a nossa hierarquia e a nossa disciplina, o nosso profissionalismo e o orgulho
que a gente tem de vestir essa farda. E não vai conseguir.” Logo em seguida, o
general reafirmou o Exército como instituição de Estado. “Ser militar é ter uma
instituição de Estado, apolitica, apartidária; não interessa quem está no
comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar.”
O general disse ainda que os militares não devem ter correntes políticas
e devem permanecer coesos. “(Ser militar) é não ter corrente. Isso não
significa que ele não pode ter sua opinião. Ele pode ter, mas ele não pode se
manifestar. Ele pode ouvir muita coisa: ‘faço isso, faça aquilo’, mas ele faz o
que é correto, mesmo que o correto seja impopular.”
O general concluiu o discurso para a tropa com uma defesa enfática da
democraia e do respeito ao resultado das urnas. “Essa é a mensagem que quero
trazer para vocês. Em que pese o turbulhão, o terremoto, o tsunami, nós vamos
continuar íntegros, coesos e respeitosos e vamos continuar garantindo a nossa
democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e
públicas. E é o regime do povo, da alternância de poder. É o voto. E, quando a
gente vota, tem de respeitar o reusltado da urna. Essa é a convicção que eu
tenho, mesmo que a gente não goste do resultado – nem sempre é o que a gente
queria. Mas essa é o papel da instituição de Estado, que respeita os valores da
Pátria.”
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