quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crise na construção civil

Qualquer observador atento, sem experiência na área de mercado imobiliário da construção civil, olha com ressalvas o recrudescimento desproporcional da construção horizontal de prédios em Balneário Camboriú, que vem desfigurando desnecessariamente a cidade em nome de um falso progresso e sob justificativa de que as construções contribuem com o mercado de trabalho e produzem riqueza ao município através de recolhimento de impostos.

Em tese, a construção tem proporcionado trabalho e recursos ao município, mas de forma irresponsável, haja vista a profusão de construção de imóveis a preços caríssimos direcionados a uma suposta clientela bem abonada, a qual não se confirma pelo o excesso de oferta de imóveis existentes e falta de compradores, o que fatalmente levará à falência ou ao fechamento de muitas empresas, que terão de demitir os seus operários, deixando um abacaxi social para o município resolver.

Aqui em Balneário Camboriú não é a crise financeira, devido às dificuldades econômicas do país e do exterior, que retraiu o comprador, mas a artificial supervalorização do imóvel em relação a outras regiões do país.

A economia da praia tem que estar alicerçada em fontes sólidas de recursos decorrentes de um planejamento sério e responsável dos órgãos reguladores das atividades comerciais, aqui incluídas a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores. Pois bem, a política da construção civil, aqui em andamento, visa apenas a atender à lucratividade desmesurada de seus empresários sem se preocupar com a relativa estabilidade de seus operários, os quais estão sujeitos a ser despedidos por qualquer desequilíbrio de mercado, indo formar um contingente marginalizado em nossa periferia com repercussões sociais negativas para os poderes públicos resolverem.

É preciso analisar com mais cuidado os dados comparativos de geração de emprego entre o setor comercial e hotelaria e a construção civil nos últimos 12 meses, segundo os números do Cadastro Geral de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego, em relação à nossa cidade. A vocação de Balneário Camboriú é para o comércio e a hotelaria. A construção civil vertical de luxo, aqui em franca explosão, é uma especulação com prazo certo de estagnação. E a prova está em as construtoras já sentirem dificuldades para vender os seus imóveis.

Balneário Camboriú não precisa de campanha de divulgação de seu município em outras grandes cidades - objetivando favorecer apenas a construção civil e, negativamente, contribuindo com mais adensamento da cidade- como acena Carlos Haacke, presidente do sindicato dos construtores. E a prefeitura municipal não tem de ajudar a pagar a conta dessa divulgação. O dinheiro público é para ser aplicado em Educação, Saúde, Segurança, Infraestrutura, Saneamento Básico etc. e não a fundo perdido para subvencionar atividades privadas.

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