terça-feira, 17 de maio de 2022

O RACISTA BOLSONARO


ISTOÉ – Fernando  Lavieri

Não há dúvida alguma: Jair Bolsonaro é racista. Durante a campanha presidencial de 2018, ele fez um discurso na sociedade Hebraica no Rio de Janeiro e disse, “o afrodescendente mais leve pesa sete arrobas. Não fazem nada! Nem para procriar servem”, em referência à comunidade quilombola que visitou na cidade de Eldorado, no interior de São Paulo. Agora, em pleno dia 13 de maio, dia em que se celebra o fim da escravatura, novamente mandatário usa termos racistas para se dirigir a um apoiador que passava pelo espaço conhecido como Não “cercadinho”, do Palácio do Alvorada.

O presidente usa arrobas para falar do peso de gente negra propositalmente. Não se trata de uma brincadeira ou algo relacionado a desconhecimento. Ele quer mesmo é menosprezar, rebaixar as pessoas. Quando era deputado, Bolsonaro já foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais a comunidades quilombolas e à população negra em geral. Dessa vez, trata-se do presidente da República que tem no Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, um aliado. Então, fica tudo como está e a agressão passa em brancas nuvens.

O tema deve, isso sim, pesar contra Bolsonaro no dia das eleições. Cabe agora a oposição usar a declaração racista durante os embates de campanha. A nós, cabe mais uma vez deixar claro: o racismo é crime inafiançável e imprescritível, passível de multa e cadeia.

CONSIDERAÇÕES:

Bolsonaro, do alto de sua empáfia, blasona-se de valentão, mas sem os seus comparsas por perto e armado, não passa de um galo velho folgado. Racista é pouco: incivilizado, hitlerista brasileiro. Com a comunidade negra tripudia com piadas ofensivas, próprio de seu caráter deformado, da mesma forma que faz frequentemente com os nordestinos. Só que Bolsonaro esqueceu que a sua arena é o picadeiro de circo. E ainda há gente despudorada que considera Bolsonaro mito. Na galeria dos mitos ensandecidos em suas áreas estão: Fernandinho Beira-Mar, Marcola, Fidel Castro, Hugo Chávez, Putin, Jair Bolsonaro etc.

Precisamos compreender que Bolsonaro é um mito para poder destruí-lo como mito. Parto dos gritos de “mito” da massa embrutecida para interpretar Bolsonaro como uma criatura mitológica feita de todos os nossos crimes. Ele é rigorosamente isto. Se fôssemos enumerar todas as violências que constituíram e constituem o que chamamos de Brasil, elas estão todas representadas e atualizadas em Bolsonaro. Este Messias é feito de cinco séculos de crimes, esta humana monstruosidade é constituída por todo o sangue criminosamente derramado

Em Bolsonaro estão os indígenas quase tão “humanos como nós”, estão os negros que “nem para procriadores servem mais”, estão as mulheres paridas nem da costela de Adão, mas de uma “fraquejada” do macho sujeito homem na cama, está a homofobia que prefere “um filho morto em um acidente de trânsito a um filho gay”, está a execução de todos aqueles que não são feitos a sua imagem e semelhança por “uma guerra civil, fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil”. Fonte: El País – Eliane Brum.

 

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