ISTOÉ – Fernando Lavieri
Não há dúvida alguma: Jair Bolsonaro é
racista. Durante a campanha presidencial de 2018, ele fez um discurso na
sociedade Hebraica no Rio de Janeiro e disse, “o afrodescendente mais leve pesa
sete arrobas. Não fazem nada! Nem para procriar servem”, em referência à
comunidade quilombola que visitou na cidade de Eldorado, no interior de São
Paulo. Agora, em pleno dia 13 de maio, dia em que se celebra o fim da
escravatura, novamente mandatário usa termos racistas para se dirigir a um
apoiador que passava pelo espaço conhecido como Não “cercadinho”, do Palácio do
Alvorada.
O presidente usa arrobas para falar
do peso de gente negra propositalmente. Não se trata de uma brincadeira ou algo
relacionado a desconhecimento. Ele quer mesmo é menosprezar, rebaixar as
pessoas. Quando era deputado, Bolsonaro já foi condenado a pagar R$ 50 mil por
danos morais a comunidades quilombolas e à população negra em geral. Dessa vez,
trata-se do presidente da República que tem no Procurador-Geral da República
(PGR), Augusto Aras, um aliado. Então, fica tudo como está e a agressão passa
em brancas nuvens.
O tema deve, isso sim, pesar contra
Bolsonaro no dia das eleições. Cabe agora a oposição usar a declaração racista
durante os embates de campanha. A nós, cabe mais uma vez deixar claro: o
racismo é crime inafiançável e imprescritível, passível de multa e cadeia.
CONSIDERAÇÕES:
Bolsonaro, do alto de sua empáfia, blasona-se de
valentão, mas sem os seus comparsas por perto e armado, não passa de um galo velho folgado. Racista é pouco: incivilizado, hitlerista brasileiro. Com a comunidade
negra tripudia com piadas ofensivas, próprio de seu caráter deformado, da mesma
forma que faz frequentemente com os nordestinos. Só que Bolsonaro esqueceu que
a sua arena é o picadeiro de circo. E ainda há gente despudorada que considera Bolsonaro
mito. Na galeria dos mitos ensandecidos em suas áreas estão: Fernandinho Beira-Mar,
Marcola, Fidel Castro, Hugo Chávez, Putin, Jair Bolsonaro etc.
“Precisamos compreender que Bolsonaro é um mito
para poder destruí-lo como mito. Parto dos gritos de “mito” da massa
embrutecida para interpretar Bolsonaro como uma criatura mitológica feita de
todos os nossos crimes. Ele é rigorosamente isto. Se fôssemos enumerar todas as
violências que constituíram e constituem o que chamamos de Brasil, elas estão
todas representadas e atualizadas em Bolsonaro. Este Messias é feito de cinco
séculos de crimes, esta humana monstruosidade é constituída por todo o sangue
criminosamente derramado
Em
Bolsonaro estão os indígenas quase tão “humanos como nós”, estão os negros que
“nem para procriadores servem mais”, estão as mulheres paridas nem da costela
de Adão, mas de uma “fraquejada” do macho sujeito homem na cama, está a
homofobia que prefere “um filho morto em um acidente de trânsito a um filho
gay”, está a execução de todos aqueles que não são feitos a sua imagem e
semelhança por “uma guerra civil, fazendo o trabalho que o regime militar não
fez, matando uns 30 mil”. Fonte: El País – Eliane Brum.
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