O título é uma metáfora crítica àqueles candidatos que não têm luz própria e apenas refletem ou reproduzem a imagem de outra pessoa.
Quem não tem luz própria precisa se colar a outra figura para ganhar visibilidade. A dependência da imagem alheia é um oportunismo que vira capital político e revela a pusilanimidade de quem não tem proposta ou plataforma política. E o país está cheio desses aventureiros ávidos pelo cabide de emprego político.
Pois bem, o retrato do cenário político brasileiro — povoado por nulidades, oportunistas, incompetentes, figuras sem projeto ou noção de coletividade, e por aqueles que enxergam a política como um cabide de empregos após fracassarem na iniciativa privada ou em concursos públicos — encontra sua síntese simbólica na imagem da esposa do deputado Marcos Pollon (PL-MS), abraçada a Michelle Bolsonaro — outra figura caricata — usada como bandeira para sua pré-candidatura à Câmara Federal.
Sem qualquer formação política ou cultural, Michelle Bolsonaro transforma-se em símbolo de campanha para quem não tem propostas. É lamentável. A política, em sua essência, exige preparo, compromisso e visão de país — não apenas carisma ou vínculos pessoais com figuras públicas.
É legítimo questionar os critérios de acesso à vida parlamentar. Por que não exigir uma espécie de vestibular, com prova escrita que avalie cultura geral, conhecimento político e princípios éticos? Afinal, o que se espera de um representante público é um conjunto mínimo de atributos: formação educacional sólida, reputação ética e moral ilibada, vivência política e compromisso com o interesse coletivo. Esses critérios, por exemplo, estão ausentes no currículo de Michelle Bolsonaro.
A política não é palco para aventureiros. É uma missão cívica, e deveria ser encarada como tal — não como oportunidade para realização de interesses pessoais ou inconfessáveis. Que o Congresso Nacional seja, como determina a Constituição, a casa do povo e dos interesses públicos — não um balcão de negócios de políticos sem preparo.
Aos que almejam a política, um aviso direto: ela existe para servir à sociedade, não para servir-se dela.
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