quarta-feira, 25 de março de 2009

Fascinação política

Uma coisa me chama a atenção: a quantidade de indivíduos que abre mão de suas profissões para exercer mandato político. Não são convocados pela população, mas de livre e espontânea vontade apresentam-se para disputar cargos eletivos. E depois de eleitos não querem mais deixar as glórias do poder para voltar às suas origens porque sabem que a compensação financeira das benesses públicas lhes é bastante favorável. Há exceções saudáveis de pessoas que passam pela política com objetivos limpos. É o caso da ex-deputada federal Esther Grossi (RS), que encerrou o seu mandato declarando em plenário, de forma responsável e exemplar aos oportunistas de plantão, que o mandato político não deveria se transformar em profissão. Eu tenho cá as minhas dúvidas da seriedade da maioria dos políticos brasileiros, que abdicam as suas profissões para se dedicar exclusivamente ao Parlamento. Bem intencionados eles não são. E, nesta esteira glamourosa da ribalta política por novos místeres, estão professores da rede pública, sindicalistas, bancários do Banco do Brasil, representantes de igrejas, médicos e demais profissionais liberais que formam grande parte de nosso contingente político em ação.Por oportuno, cabe observar que há políticos manhosos só interessados no bem remunerado cabide de emprego público. E outros, que usam o prestígio político para pavimentar o caminho de seus inconfessáveis negócios. Mas defender os interesses sociais e apresentar soluções factíveis é compromisso de poucos.Ser político não significa estar exercendo mandato político. A atividade política pode ser exercida fora do Parlamento. Mas são as vantagens compensatórias do mandato que têm levado muita gente esperta à política. Quem, no Brasil, não conhece histórias verídicas de políticos que aumentaram o seu patrimônio em pouco tempo?A ambição pelo poder político é tão grande que, certa feita, ponderei o seguinte a um ex-político cassado: "O senhor já teve o seu momento parlamentar. Sofreu todo aquele desgaste da cassação. Será que a sua presença no Congresso Nacional é tão indispensável ao País para querer voltar à vida política?" E ele me respondeu, dizendo, entre outras coisas, que tem "vocação parlamentar". Será que tem mesmo vocação parlamentar, ou as glórias do poder falam mais alto na sua ambição política? Tomara que essa vertente de fazer política que ele dissera trazer desde a adolescência, que já lhe custou caro em 1994, não lhe traga novos dissabores!

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