Que vergonha! Bolsonaro interfere para que os seus parceiros da ilicitude suspendam bloqueios das estradas rodoviárias brasileiras. A que ponto chegamos! Um presidente da República em cumplicidade com caminhoneiros subversivos.
Por Lisandra Paraguassu (Reuters) - Depois que mobilizações de
caminhoneiros insuflada por bolsonaristas, o presidente Jair Bolsonaro enviou
um áudio pedindo ao grupo que suspenda as paralisações porque podem provocar
inflação e prejudicar a economia.
“Fala para os caminhoneiros aí, são nossos aliados,
mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia, isso provoca
desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo, especialmente os mais pobres.
Então dá um toque aí nos caras, se for possível, para liberar, tá ok, para a
gente seguir a normalidade”, disse o presidente em um áudio enviado por
mensagem a interlocutores da categoria.
Pouco depois, em vídeo divulgado nas redes sociais,
o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou a autenticidade do
áudio de Bolsonaro.
“O áudio é real, é de hoje, e mostra a preocupação
do presidente com a paralisação. Essa paralisação ia agravar efeitos na
economia de inflação que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis”,
disse Tarcísio.
“A gente sabe que há uma preocupação de tentar
resolver problemas graves no país, mas a gente não pode tentar resolver um
problema criando outro. Eu peço a todos que ouçam atentamente a palavra do
presidente”, acrescentou.
Na noite desta quarta-feira, o Ministério da
Infraestrutura informou que às 22h30 havia pontos de retenção em estradas de 16
Estados, o dobro do registrado no final da tarde. Em 13 desses, havia abordagem
a outros caminhões para que aderissem ao movimento. Pontos de bloqueio total,
encontrados no Rio Grande do Sul, já teriam sido liberados.
Os protestos dos caminhoneiros, aliados do governo,
começaram um dia depois das manifestações do 7 de Setembro. Em Brasília, o ato,
patrocinado pelo presidente, foi marcado por presença significativa de
caminhões na esplanada dos ministérios, sendo que muitos permaneceram no local
ainda na quarta-feira.
Para além das pautas colocadas pelo próprio
presidente --impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de
Moraes e defesa do voto impresso-- os caminhoneiros colocaram também as suas,
centradas na queda do preço dos combustíveis.
Em redes bolsonaristas, aparecem várias
manifestações contra o preço dos combustíveis, mas comprando a versão de
Bolsonaro, de que o alto custo seria culpa basicamente do ICMS, imposto cobrado
pelos Estados.
No áudio, Bolsonaro diz ainda que cabe a ele
negociar com autoridades para resolver o problema da categoria, mas não cita
especificamente o preço dos combustíveis.
“Deixa com a gente aqui em Brasília agora. Não é
fácil negociar, conversar por aqui com outras autoridades, mas a gente vai
fazer a nossa parte, vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita aí
e da um abraço em meu nome em todos os caminheiros, tá ok?”, disse o
presidente.
Antes de se tornar mais um risco para o governo, o
movimento dos caminhoneiros foi usado por bolsonaristas como o cantor Sérgio
Reis como uma ameaça de parar o país para que reivindicações do grupo fossem
atendidas. Em um vídeo, Reis foi filmado dizendo que os caminheiros iriam parar
o país até que o Senado aceitasse o impeachment de Alexandre de Moraes.
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