Veja.com – Por Laryssa Borges
Nas últimas semanas, diante da escalada dos ataques
de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF),
integrantes da Corte ouviram de importantes autoridades bolsonaristas que o
principal temor do presidente não é o de ele próprio acabar atrás das grades,
mas o de que a Justiça decrete a prisão do vereador Carlos Bolsonaro,
alvo recente de uma quebra de sigilo bancário e fiscal por ordem do Tribunal de
Justiça do Rio e foco constante de monitoramento do STF nos inquéritos que
apuram ataques às instituições e propagação de fake news.
Os informes sobre uma iminente prisão reacenderam
no presidente a convicção de que é vítima de uma conspirata judicial e o
levaram a subir vários tons nos ataques a integrantes do tribunal e ao ato
extremo de assinar de próprio punho um pedido de impeachment contra aquele que,
na visão de Bolsonaro, personifica a ameaça contra sua família: o ministro
Alexandre de Moraes.
Não é a primeira vez que Bolsonaro se convence de
que seus filhos estão na iminência de serem presos por ordem do Supremo. Em
outubro do ano passado, quando também insuflava sua base de apoio contra o STF,
o ex-capitão ouviu de um ministro de sua confiança que Alexandre de Moraes
estaria decidido a mandar prender tanto Carlos quanto o deputado federal
Eduardo Bolsonaro. No final de setembro, um depoimento do deputado Alexandre
Frota (PSDB-SP) à Polícia Federal convenceu o presidente de que o risco de
prisão era real. Frota forneceu aos investigadores números de IPs de computadores
de Brasília e do Rio, ligados a Eduardo, e que teriam participado de ações de
disseminação de fake news.
“O mundo paralelo do presidente o ajuda e dá a ele
folga para achar culpados e falsas causas”, resumiu a VEJA um ministro do STF
após as manifestações pró-governo no dia 7 de setembro, quando Bolsonaro exigiu
que o presidente da Corte Luiz Fux enquadrasse Moraes e insuflou a população
contra o magistrado responsável pelos inquéritos que apuram o financiamento de
uma rede de fake news e a participação de apoiadores do presidente em atos de
agressão a instituições.
Assim que terminaram os atos da última terça-feira,
ministros do tribunal se reuniram virtualmente para analisar a escalada
retórica do presidente, ensaiaram uma resposta institucional conjunta e
abandonaram qualquer expectativa de que Bolsonaro possa ser moderado. Apesar de
na quinta-feira 9, o presidente e o ministro Alexandre de Moraes terem
conversado por telefone, em um ato de aproximação mediado pelo ex-presidente
Michel Temer, poucos na Corte acreditam de fato que haja espaços para
apaziguamentos.
CONSIDERAÇÕES:
Quem se conduz com integridade e retidão na vida pública e endossa idem o comportamento político de
seus filhos não deveria se preocupar com acusações de procedimentos indecorosos. “Quem não deve
não teme”.
Os crimes devem ser investigados. E os responsáveis, punidos na forma da lei. Ninguém pode estar
acima da lei.
É delírio puro alguém vir dizer que está sendo vítima de conspirata judicial, querendo prejudicá-lo.
Vivemos em pleno Estado Democrático de Direito, em que as decisões judiciais obedecem aos ritos
constitucionais.
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