quinta-feira, 1 de maio de 2008

É hora de abrir a caixa preta

"Se eu fosse o presidente Lula, diria:'venham ver o que fiz com o dinheiro, não tem problema nenhum", afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso após conferência na Fiesp, em São Paulo. 'Não é preciso fazer da questão um cavalo de batalha", concluiu. Quem não deve, não teme! Por que o País não fica sabendo a verdade sobre os gastos do presidente Lula? Se as chantagens já começaram a brotar de dentro da Casa Civil contra FHC, então está na hora de as coisas serem esclarecidas. Mas o que presenciamos é o desrespeito de políticos da base governamental tentando, de todas as formas, impedir que o País, que paga os salários de suas excelências, possa conhecer as falcatruas dos gastos com cartões corporativos. Os senhores políticos deveriam respeitar a população brasileira. Chega a ser imoral e nojento o jogo de interesses partidários para blindar pessoas que devem satisfação à sociedade. O fato de o presidente Lula ter sido eleito com expressiva votação não o isenta de investigação. E a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e os seus pares da base cometem uma irrefletida agressão ao colocar dificuldades para que a referida CPI flua. Por que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousself, não pode comparecer à Casa do Povo, para se defender ou fazer considerações convincentes acerca das notícias vazadas de dentro de seu ministério contra FHC? Em qualquer outro país sério e democrático, de responsabilidade pública para com o eleitor e povo, o ministro aceitaria prestar esclarecimento no foro competente. Mas aqui é diferente: os ministros são intocáveis e não devem satisfação à sociedade, pois a sua cúpula política comete o desrespeito de blindar, de proteger e de ofender a população com a preservação de seus "intocáveis indecorosos" agentes públicos. A senadora Ideli, ao término da sessão do Senado de 26 de março, fez considerações irônicas e de risos reticentes ao dizer que a ministra Dilma está sendo preservada para 2010. Isso todos sabemos. Mas o esclarecimento de fatos presentes com substanciais justificativas não vai enfraquecer a sua candidatura à rampa do Planalto. O que não se aceita é essa forma adrede de proteção explícita de certos políticos aos agentes públicos, que cometem ou são acoimados de irregularidades. Muitos parlamentares, quando estão no trono político, parecem uns onipotentes: não dão ouvido à sociedade, blasonam de valentões para defender interesses espúrios e de apaniguados políticos. Pensam que o poder é eterno. Mas, infelizmente, falta cultura política para a maioria do povo brasileiro, que, por exemplo, nunca ouviu falar em cartões corporativos, vota em pesquisas direcionadas etc. Quem, com toda a franqueza, já foi algum dia pesquisado por esses institutos ou conhece alguém de sua relação que já tenha sido pesquisado? A pesquisa, por acaso, consulta o bolsão de miseráveis, desempregados e sem lares, formado por crianças, jovens e velhos, que vivem na mendicância, dormindo ao relento amontoados nas calçadas, sob marquises e viadutos, portas de edifícios e casas comerciais, nos bancos de praças públicas etc, cuja indecência social, esquecida por este governo já no seu segundo mandato, cresce assustadoramente em todas a cidades e capitais brasileiras? Claro que não! Ela tem o objetivo sórdido de apresentar resultados positivos, encomendados, de um Brasil não verdadeiro. O governo vibra com os resultados positivos da economia. Todos nós também. Mas a bandeira das conquistas sociais defendidas pelo PT, que alçou Lula ao Planalto, até agora não tremulou para amenizar o estado de abandono, crescente, das pessoas carentes em todas as cidades e capitais brasileiras. Nunca se viu tantas pessoas miseráveis e sem lares perambulando "sem lenço e documento" pelas cidades. Por que recrudesce a mendicância de rua em pleno segundo mandato do governo Lula?A senadora Ideli Salvatti tem orgulho do governo Lula. Respeita-se a sua veneração e idolatria ao presidente. Mas não deveria ser tão soberba a ponto de achar que todo o resultado positivo da economia é obra exclusiva da "mão divina" do Lula, como se ele pode, de um dia para o outro, transformar água em vinho. Mesmo que a ela não aceite, a política econômica interna e externa governamental é a mesma do governo anterior com pequenas variáveis, mas é a mesma, por isso os resultados satisfatórios. Logo, vamos devagar com o andor.A situação presente da economia brasileira não pode ser creditada somente às ações deste governo, pois ele não é mágico, mas também aos esforços de medidas implementadas por todos os governos anteriores. Os frutos maduros que ora estão sendo colhidos nada mais são do que o resultado de árvores que foram plantadas lá atrás, e que o atual governo continuou a regá-las.Julio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado

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