terça-feira, 27 de maio de 2008

Soldado do governo

Que as decisões do Congresso, que respaldaram a extinção da CPMF, sejam respeitadas. O Congresso não pode se transformar num ambiente apenas partidário ou de interesse do governo, mas a Casa que representa o desejo do povo.Quando se ouve o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) falar em responsabilidade com a Saúde Pública para defender a reedição da CPMF, faz lembrar a frase atribuída a Charles De Gaulle, de que este País não é sério. E não é sério mesmo, a começar com a pouca seriedade dos políticos instalados no Congresso Nacional, com raríssimas exceções.O deputado fala em responsabilidade com a Saúde, mas não demonstrou tê-la em nenhum momento, pois foi um dos avalistas políticos que concordaram com o desvio de finalidade da então CPMF. Por que não defendeu anteriormente o uso exclusivo da CPMF para a Saúde Pública? Como médico, não demonstrou sensibilidade humana e social, mas agiu apenas, e continua agindo, como um político qualquer mais interessado em prestar serviço a seu partido e a agradar o seu rei Lula, que continua inebriado com o poder.Agora vem ele emergir com toda a cara de pau para vir falar em responsabilidade com a Saúde Pública. Deveria ter um mínimo de constrangimento e respeito para com a população, principalmente aquela necessitada de assistência médica do sistema público de saúde, que teve a verba da CPMF surrupiada com a condescendência dele, de seu governo e demais fajutos políticos, que só se interessam por acertos fisiologistas, toma-lá, dá-cá etc., e fingem ter responsabilidade social. Se o País tivesse um STF atuante, imparcial e sem interferência política, exercendo a sua função nobre e verdadeira de bastião dos direitos da sociedade, os políticos, que concordaram com o desvio do dinheiro da CPMF, deveriam ser chamados para purgar os seus erros, pois o que fizeram com a CPMF foi ato criminoso, que deveria também ser cobrado pelos tribunais internacionais. Se os investidores estrangeiros conhecessem o Brasil real, das safadezas e falcatruas políticas, certamente não lhe teriam conferido o investment grade, porque este País não é sério.O deputado Henrique Fontana (PT-RS) demonstra ser um político frio, oportunista e demagogo ao pretender ressuscitar a CPMF aumentando a carga tributária. O País está arrecadando muito. Só no primeiro quadrimestre de 2008, a arrecadação de impostos teve aumento de 18%, ou seja, R$ 21 bilhões a mais nos cofres da União. Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, sem retorno em serviços de qualidade, e tudo para pagar os elevados gastos das despesas públicas, como, por exemplo, a de um deputado federal: R$ 1,3 milhão anual.Se o governo tem convicção de que a sua política econômica está correta, não poderá temer insucesso de receitas futuras para aplicar em Saúde Pública. No Brasil, só se sabe governar aumentando a carga tributária. Por que os senhores políticos, representantes do governo, não propugnam pela redução dos gastos públicos para sobrar dinheiro para a Saúde? A "Ilha da Fantasia", Brasília, é um grande ralo de desperdício do dinheiro público. Outro ralo é o inchado e inoperante Congresso Nacional, com 81 senadores e 513 deputados que não resolvem nada e só dão despesa e prejuízo à nação. Os governos Lula e FHC são muito parecidos: não se preocuparam em cortar as despesas públicas e praticaram o mesmo ilícito contra o sagrado objetivo da CPMF. Somente uma reforma política ampla, dando ao povo o poder de cassar parlamentares traidores que não representam no Parlamento os verdadeiros anseios sociais e que endossam desvios de finalidade de leis (CPMF), poderá moralizar a política brasileira.Por outro lado, assiste-se à manobra encardida do presidente Lula, de não querer ser o pai do ressurgimento da nova CPMF, transferindo a decisão a seu partido e base de bajuladores de apoio. É a esperteza da águia para abocanhar a vítima (a sociedade). O Brasil, internacionalmente, está tão conhecido como o País de elevados impostos que o presidente do Peru, Alan Garcia, recomendou, recentemente, em tom de chacota ao presidente Lula, o aumento da carga tributária dos empresários brasileiros, que não querem investir no Peru.O País pergunta: por que só agora o deputado Henrique Fontana (PT-RS) sai em defesa de verba para a Saúde Pública? Responsabilidade ele deveria ter demonstrado lá atrás, para que a CPMF cumprisse totalmente o seu objetivo. Como está mal acostumado com as reedições de medidas provisórias, o parlamentar e o seu grupo de acólitos do governo pensam que podem operar da mesma forma com a CPMF, mas se enganam.
Julio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado

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